A situação econômica do estado de Minas, antes mesmo da crise provocada pela Covid-19, apresentava um quadro alarmante. Não por outra razão, os funcionários do estado recebem seus salários parcelados desde 2015 e muitos servidores não tinham recebido a última parcela do 13° salário de 2019 até dias atrás. Um cemitério de obras inacabadas pelos diversos cantos do estado como, por exemplo, os hospitais regionais e a diminuição de serviços ofertados, como a redução da escola de tempo integral, ilustram esse quadro de dificuldades econômicas. Porém, a pandemia veio para a profundar essa crise e o governo se demonstra inerte frente a esses desafios.

Por Wadson Ribeiro*

O PIB mineiro sofreu uma retração de 0,3% em 2019 em relação à 2018, enquanto o PIB brasileiro obteve um modesto crescimento de 1,1%. Levantamento feito pela Fiemg em março deste ano, aponta para a queda dos indicadores econômicos do estado no pós-pandemia, contradizendo previsões anteriores que apontavam para uma expansão. Estima-se uma queda de 7 % do PIB mineiro em 2020, acima da queda do PIB nacional, projetada em 6%. Somente a indústria de transformação e o setor de serviços, com peso relativo em Minas maior do que no Brasil, a retração deverá ultrapassar os 8%. No caso da produção industrial, por exemplo, Minas apresentou retração de 5,6 % em 2019 em relação à 2018.

Essa situação econômica agravada pela Covid-19, pode elevar o número de mineiros vivendo na pobreza ou na extrema pobreza. A síntese dos Indicadores Sociais (SIS) do IBGE de novembro de 2019, aponta que Minas tem 20% de sua população vivendo em situação de pobreza, destes 5% em extrema pobreza, que são aquelas famílias com ganhos de até R$ 89,00 per capta. Esse percentual representa cerca de 4 milhões de mineiros vivendo nessas condições e esses números, infelizmente, tendem a aumentar na pós-pandemia. Essa realidade talvez explique um pouco, porque é um equívoco achar que todos os estudantes da rede pública estadual têm acesso à internet e teriam condições de absorver conteúdos de forma remota.

Estudos estimam que o coronavírus poderá produzir mais de 12 milhões de desempregos em todo o Brasil, elevando a taxa de desemprego para estratosféricos 23,8%. Isso sem contar aqueles trabalhadores que, por receio da Covid-19 ou por desesperança, já não procuram mais empregos e distorcem para baixo o real índice de desempregados. Dados da Pesquisa Nacional Por Amostra de Domicílios (Pnad) do IBGE, também de novembro de 2019, apontavam que 10% da população economicamente ativa de Minas estava desempregada. Em fevereiro deste ano, ainda segundo o Pnad, a taxa de informalidade atingiu 40,1% da população empregada. São trabalhadores sem quaisquer direitos e garantias. Trabalhadores, que estando na formalidade ou na informalidade, terão uma contração de 15 % da renda, um recorde segundo o Instituto Brasileiro de Economia da FGV.

Em momentos excepcionais, é preciso adotar medidas de maior impacto e eficácia. Por isso, é preciso acabar com a lei do teto de gastos, fazer uma reforma tributária que taxe os lucros dos bancos e das grandes fortunas, sem onerar a produção e os trabalhadores. É preciso zerar os juros para as micro e pequenas empresas, oferecer mais financiamentos e prazos alargados para honrarem seus compromissos. Zema não apresentou uma saída para tirar Minas da crise econômica, ao contrário, as aprofunda quando se torna um fiel escudeiro das aventuras de Bolsonaro.

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