Jair Bolsonaro (sem partido)

As eleições de 2018 levaram ao poder um conjunto de governantes que, com honrosas exceções, têm baixa experiência na gestão e pouca vocação para a coisa pública. Foram eleitos pelo voto de protesto, em alguns casos de revolta, por eleitores cansados de tantas denúncias de corrupção e que tinham a certeza de estarem passando o Brasil a limpo. Ledo engano! Passados pouco mais de dois anos, a economia vai de mal a pior, o colapso na saúde já levou mais de 250 mil vidas e o governo federal não é capaz de liderar o país para superar a crise.

A divulgação do PIB brasileiro registra uma verdadeira queda livre, um tombo de 4,1%. Esse quadro retirou o Brasil do grupo das dez maiores economias do mundo, posicionando-o agora em 12° lugar. O PIB per capta (por habitantes) recuou 4,8% e o consumo das famílias somado às compras governamentais, dois importantes indicadores da atividade econômica do país, caíram juntos mais de 10%, alcançando um novo recorde dentro da série histórica analisada pelo IBGE. Paulo Guedes e Bolsonaro mentiram quando afirmaram que iriam gerar empregos e a economia voltaria a crescer. O custo de vida está nas nuvens, o preço dos alimentos subiu, o valor dos combustíveis está elevado, as contas de energia, de água e o gás subiram, mais uma vez são os mais pobres que estão pagando a maior parte da conta.

Na saúde, a crise sanitária que o governo Bolsonaro protagoniza preocupa o mundo e aterroriza os brasileiros. Na semana em que o país bateu o recorde de mortes diárias desde o início da pandemia, o presidente voltou a atacar a imprensa, a ciência e a estimular a desinformação. Não se ouve por parte do mandatário um pedido de desculpas, um pesar pelas vidas perdidas e nenhuma autocrítica. Ele continua a marchar de forma insana, como se não houvesse pandemia, como se o Brasil hoje não fosse um risco mundial, como se não tivéssemos perdidos mais de 250 mil vidas. A falta de vacinas e de logística nos hospitais para enfrentar o vírus se deve à desorganização e à subestimação do presidente da República e de seu governo. Estimulou-se aglutinar quando era preciso isolar, estimulou-se a Cloroquina quando precisávamos da vacina. Bolsonaro sabotou o tempo todo uma saída baseada na ciência e incitou a confusão e o medo entre a população.

O resultado agora é uma completa incerteza espalhada na sociedade, que se soma a novas variantes do vírus com maior poder de transmissão e letalidade, num tempo mais rápido do que a chegada da vacina para a maioria da população, mas para Bolsonaro isso não parece importar. Sua agenda não está voltada para vacinar o povo, nem prover cada cidadão desempregado ou sem renda de uma renda básica mensal para suportar a pandemia. Sua agenda só se preocupa em atacar os adversários e intensificar a polarização no país, condição imprescindível para que ele chegue ao segundo mandato. O contraponto a essa irresponsabilidade federal tem sido a postura de alguns governadores, notadamente do Nordeste e de São Paulo, que têm tido a coragem de se levantar contra a onda negacionista. Os demais, grande parte neófitos na política, ganharam as eleições prometendo gestões eficientes, modernas e não políticas, mas hoje, em sua maioria, batem cabeça e desconhecem a esfera pública, o que os faz contribuir pouco em momentos difíceis como agora.

Numa eleição em que o atual presidente não compareceu a um debate sequer e não apresentou nenhum projeto para o país, a não ser o de ódio e de polarização, algo que se seguiu em alguns estados, não se pode esperar uma gestão eficiente. Bolsonaro é despreparado do ponto de vista político, econômico e de gestão para conduzir e unir o Brasil em águas tão turvas. É o homem errado na hora errada para o país.

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Wadson Ribeiro* é presidente do PCdoB -MG, foi presidente da UNE, da UJS, deputado federal e secretário de Estado de Minas Gerais.

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