O Partido Comunista do Brasil (PCdoB) faz 99 anos em 25 de março. Sua história se entrelaça com a própria história do Brasil, especialmente com a luta dos trabalhadores e de todos aqueles que pelejam por uma nação democrática, soberana, desenvolvida e socialista.

No Ceará, o Partido Comunista surge a partir de dois núcleos distintos, um em Fortaleza e outro em Camocim. Compostos por trabalhadores do porto, ferroviários, professores, gráficos e intelectuais. Estes núcleos se desenvolvem e se espalham aos poucos por todo o território cearense. No início, os ferroviários formaram bases comunistas ao longo da via férrea. Mais adiante, foram os agentes de endemias, os mata-mosquitos, que propagaram as ideias do Partido.

A presença dos comunistas sempre foi muito destacada em todas as grandes lutas populares no estado. Na organização da Aliança Nacional Libertadora na década de 1930, contra o nazifascismo durante a segunda grande guerra e pela redemocratização do país em 1945, quando recuperamos a existência legal e elegemos dois deputados estaduais, um operário e um médico. Nos anos seguintes foi intensa a luta pelo Petróleo e em defesa das reformas de base.

Durante o regime militar instalado com o golpe de 1964, o Partido jamais se rendeu, combatendo com destemor e amplitude, na resistência democrática e popular. Entre 1966 e 1968, realizou intensa atividade de organização entre os trabalhadores e os estudantes, postando-se na linha de frente na histórica greve dos bancários cearenses e nas grandes manifestações populares pela democracia, organizadas por universitários e secundaristas. Perseguidos pela repressão fascista muitos destes jovens foram obrigados a viver na clandestinidade. Decidiram doar sua própria vida, se necessário fosse, em defesa da liberdade e dos direitos dos mais humildes. Vários foram morar na região do Araguaia, integrando-se à resistência guerrilheira. Três deles, Bergson Gurjão Farias, Teodoro de Castro e Custódio Saraiva, somados a uma quarta cearense que residia no Rio, Jana Barroso, foram assassinados pela ditadura entre 1972 e 1974.

A derrota no Araguaia, embora grave, não desanimou o PCdoB que continuou na luta contra a ditadura militar e pela redemocratização do País. No final dos anos 1970, contribuiu com o Movimento contra a Carestia, com a luta dos trabalhadores rurais e urbanos, com a retomada do movimento estudantil e com a eleição de parlamentares de esquerda pela legenda do MDB e seu sucessor o PMDB.

Em 1984, participou ativamente da campanha pelas Diretas Já, erguendo, mesmo na clandestinidade, sua bandeira vermelha com a foice e o martelo em Fortaleza e em dezenas de outras manifestações em todo o Brasil. Em seguida, teve papel destacado na eleição de Tancredo Neves, no Colégio Eleitoral, pondo fim à ditadura e iniciando a longa transição democrática, nunca concluída totalmente e, desde o golpe de 2016, sofrendo profundos retrocessos.

E, assim, chegamos aos 99 anos em meio à maior crise que o País já viveu. Desde o final de 2014, quando banqueiros e rentistas, grupos monopolistas e empresários do agronegócio, apoiados pela grande mídia, por segmentos do Ministério Público, da Polícia Federal, do Poder Judiciário e pela maioria do Congresso Nacional não aceitaram o resultado das urnas e sabotaram a presidenta Dilma, que foi impedida de governar e concluir aquele que seria o quarto mandato de governos que buscavam descortinar um novo modelo de desenvolvimento soberano e voltado para as camadas populares de nosso País; governos que contaram com a efetiva contribuição do PCdoB.

Consumou-se um golpe de novo tipo, preparado e articulado com o império americano, respaldado internamente pelas Forças Armadas e que teve uma nova etapa com a prisão de Lula, a maior liderança popular do País. Assim, impediram sua candidatura em 2018 e chancelaram a vitória fraudulenta do candidato da extrema-direita. Para alcançarem seu objetivo não se preocuparam em conduzir o País, desde 2015, a uma profunda crise econômica que se estende até hoje. Saquearam o patrimônio público, destruíram indústrias, extinguiram milhões de empregos, eliminaram direitos históricos dos trabalhadores e feriram gravemente a nossa frágil democracia.

Hoje, dirigido por um presidente fascista, além da crise econômica, o Brasil enfrenta uma crise sanitária de graves proporções que ultrapassa os 300 mil óbitos neste mês de março. À frente da República, Jair Bolsonaro nunca enfrentou a pandemia, pelo contrário, sabotou todas as medidas recomendadas pela ciência e pelas autoridades de saúde que, felizmente, foram adotadas por governadores e prefeitos. Teve quatro ministros da saúde no espaço de um ano. Desestimulou o uso de máscaras e promoveu aglomerações por todo o País. Receitou remédios ineficazes, fez campanha contra as vacinas e atrasou a sua aquisição até o quanto pôde. Promove, na verdade, uma política genocida que enluta milhares de famílias brasileiras.

Não podemos esperar por 2022, é preciso parar com este genocídio através da união de todos os setores políticos e sociais que defendam a vida, a saúde, a democracia e os direitos do povo.

Vacina Já e para todos!
Auxílio de R$600 para quem dele precise e durante o tempo necessário!
Em defesa do SUS e contra o desmonte do serviço público via reforma administrativa!
Fora Bolsonaro!
Viva o Partido Comunista do Brasil!

Fortaleza, 22 de março de 2021
Comissão Executiva PCdoB-CE