Foto: Karla Boughoff/UJS

A razão de ser do PCdoB é o de pertencer a classe operária, de buscar incorporar as suas frações e, em aliança política, lutar pela edificação de uma ordem socialista que valorize o trabalho em suas múltiplas dimensões. No Brasil, com o seu legado de desenvolvimento tardio e dependente, o Partido aponta um novo projeto nacional de desenvolvimento como caminho à estratégia socialista. Um desafio que enfrenta a concretude da agressão ao trabalho e das pressões ideológicas contra a corrente comunista. 

Em sintonia com essa luta de classes, as ideias de que o contínuo processo das revoluções tecnológicas, nas quais as máquinas informatizadas, a microeletrônica, a indústria 4.0 substituiriam a mão-de-obra são retomadas como uma disputa política e ideológica que ocorre há tempos.

A concepção marxista compreende o desenvolvimento das forças produtivas como uma necessidade inerente a quaisquer modos de produção. A questão central é sobre quem se apropria dos seus resultados, sobretudo quando aplicado nas mais diversas atividades econômicas. 

Na verdade, essas opiniões expressam uma tática ideológica que busca confundir a nova realidade marcada por um novo perfil da classe trabalhadora, pelas mudanças gerenciais, tecnológicas e na produção, como se estivesse ocorrido uma pretensa perda da centralidade do trabalho. É uma tentativa de tergiversar e ocultar que o trabalho vivo é uma contínua fonte da riqueza, portanto, uma fonte do próprio capital. O tempo de trabalho socialmente necessário é uma categoria viva em nossa contemporaneidade. 

Porém, a ofensiva em curso pelo capital para desvalorizar o trabalho – ataque aos direitos, às prerrogativas de representação e negociação sindical – é tão intensa que pressiona o movimento sindical, incluso os classistas, a produzir um movimentismo como um fim em si mesmo. A consequência disso é o rebaixamento da perspectiva emancipacionista classista. 

Nesse cenário, algumas correntes – as aderentes – desprezam o papel da disputa política mais geral e a necessidade dos partidos políticos.  Afinal, com um horizonte limitado absolvido, perguntam-se: Partido, pra que tê-lo, organizá-lo ou crescê-lo? O desenvolvimento civilizacional está intimamente ligado a luta política e umbilicalmente conectado às organizações partidárias. Subestimá-lo é alimentar ilusões e render-se ao economicismo. 

Nesse oportuno Encontro Sindical do PCdoB estará em exame também os efeitos dessa ofensiva ideológica sobre o atual estágio da organização partidária entre as trabalhadoras e os trabalhadores. Embora reconheçamos a violência antitrabalhista e a ofensiva anticomunista no país, como também a combatividade e a entrega militante cotidiana da frente sindical, devemos examinar se tais elementos têm influenciado o nível de nosso engajamento pela organização do PCdoB no seio da classe trabalhadora brasileira. 

A revigoração militante e dirigente é condição indispensável para o êxito do revigoramento do PCdoB. Retroalimentam-se mutuamente. 

As novas condições políticas no país nos abrem oportunidades e perspectivas. Façamos desse Encontro um momento pela reafirmação da concepção classista e pela resolutividade da organização partidária no mundo do trabalho.

Mãos à obra!

Divanilton Pereira, dirigente nacional da CTB e presidente estadual do PCdoB/RN