Veto da cúpula da PF à entrevista coletiva mostra que Ciro tinha razão
O ex-governador e ex-ministro Ciro Gomes (PDT), presidenciável do partido, afirmou que a ação da Policia Federal de busca e apreensão ocorrida em sua casa na quarta-feira (15), foi ordenada por Jair Bolsonaro. O veto, pela cúpula da PF, à entrevista coletiva que seria dada após a operação reforça a certeza do ex-governador de que houve uso político da PF por parte do governo.
O pretexto para a ação da PF baseou-se num inquérito que teria sido aberto em 2017 para investigar uma suposta irregularidade na construção do estádio Castelão para a Copa do Mundo de 2014. A “investigação” bolsonarista atinge também o senador Cid Gomes.
Na decisão que determinou busca e apreensão contra os irmãos Gomes, o juiz Danilo Dias Vasconcelos de Almeida diz que a autoridade policial identificou práticas “teratológicas” no processo de contratação do consórcio. Ele não explicou o que seriam as “práticas teratológicas”.
De acordo com Ciro Gomes, a origem do inquérito é uma delação premiada de “uma pessoa que diz na própria delação que nunca falou comigo”. O juiz teria se baseado na informação da PF sobre uma delação premiada de um dos executivos da empreiteira que “ouviu falar” que Ciro Gomes havia dito que “no Ceará ganha a concorrência quem tiver o menor preço”. O acordo de delação premiada foi fechado pela Procuradoria-Geral da República.
Ciro confirma que essa frase é dele e confirma também que o Castelão foi construído pelo menor preço da licitação e foi também o estádio mais barato de todos os que foram construídos para a Copa do Mundo.
Segundo ele, foram economizados R$ 100 milhões na licitação feita no Ceará. Ciro reafirmou que a concorrência foi vencida por quem ofereceu o menor preço. “Soube agora por meus advogados que o custo do assento do Castelão foi o mais barato do mundo desde 2002, de todas as Copas do Mundo. Pode investigar isso”, diz ele.
O ex-governador considerou um escândalo de manipulação o juiz ter aceitado uma medida cautelar – medida usada para garantir flagrantes – para um fato ocorrido há quase dez anos. “Não há dúvida que Bolsonaro está manipulando parte da PF”, disse Ciro Gomes. O pedetista observa ainda que foi arrolado como agente público, sendo que não exerce cargos públicos desde 2010, quando cumpriu mandato de deputado federal.
“Além disso, já se passaram sete anos desde a Copa. E só agora, com a campanha pela sucessão de Bolsonaro em curso, a operação foi desencadeada. “É completamente aberrante e calunioso. Vou processar todos os envolvidos”, afirma ele.
A proibição da entrevista coletiva, segundo dirigentes da PF, foi para evitar maior exposição e uso político da investigação. Após receber os policiais durante a manhã, o pré-candidato a presidente pelo PDT disse ter “absoluta certeza” de que a operação foi ordenada por Jair Bolsonaro.
Segundo ele, a proibição da entrevista tem a ver com a manipulação. “A PF falaria à imprensa se tivesse convicção da consistência da operação”, afirmou o ex-governador.