A vereadora do PCdoB de Porto Alegre, Daiana Santos, juntamente com a bancada negra da Câmara Municipal denunciou no Departamento Estadual de Investigações Criminais da Polícia, ameaças de morte e ataques racistas que recebeu através de uma mensagem de e-mail na tarde desta segunda-feira (6).

A bancada negra da Câmara é composta por cinco vereadores, além de Daiana Santos, fazem parte do grupo as vereadoras Bruna Rodrigues (PCdoB), Laura Sito (PT) e Karen Santos (Psol), além do vereador Matheus Gomes (Psol). Eles estiveram juntos na delegacia para registrar o crime cibernético.

A bancada afirmou que a mensagem enviada por e-mail é apresentada por um homem branco que moraria no Rio de Janeiro. Ele diz que vai “comprar uma pistola 9 mm no Morro do Engenho e uma passagem só de ida para Porto Alegre”, onde mataria, na própria Câmara Municipal, as duas vereadoras e quem mais estivesse com elas.

Na frente da delegacia, a vereadora Daiana gravou vídeo onde fala da violência gratuita recebida e que, segundo ela, essa ameaça é diferente de todas as outras que já recebeu.

“Esta é diferente de todas as outras porque consta nela detalhes muito específicos da minha rotina na Câmara [municipal] e da minha vida pessoal. De cunho racista e lesbofóbico. Não mais aceitarei esse absurdo calada”, disse a parlamentar.

Para a vereadora, o seu mandato representa tantas outras pessoas e ela não pode ficar paralisada diante de tal ameaça. Lembrou ainda que racismo é crime.

“Represento muitos e muitas que olham para mim e se sentem representado e eu não posso fazer que esse seja um caso isolado”.

A vereadora destacou ainda que “não pode ser assim tratado aqueles que lutam pelos direitos humanos, aqueles que lutam pela condição da dignidade da vida. Eu não sou só um corpo LGBTIA+, só uma negra, favelada, periférica, assim como foi relatado nesta última ameaça”, disse.

“Fica aqui o registro de muita dor e tristeza porque não nos consideram, politicamente, não nos consideram, rechaçam a nossa existência e querem nos matar, mas não vão conseguir”.

Na delegacia, a vereadora pediu “uma investigação ampla para encontrar os responsáveis por esse crime de ódio, esses ataques absurdos carregados de ódio não podem ficar impunes”.

A vereadora Bruna Rodrigues (PCdoB) também comentou sobre o assunto. Para ela, o racismo estrutural impede a agilidade da segurança diante dessas ameaças.

“A Câmara de Vereadores deveria ser altiva na manutenção de nossa segurança, mas não é porque relativiza o racismo, e o tanto violento que ele é. Mas a mensagem que fica é: qual a responsabilidade de cada um, e cada uma de nós, negros e não negros?”.

A luta antirracista, acrescentou a parlamentar, “precisa ter uma agenda, mas acima de tudo precisa de um pacto social, de defesa da vida dos parlamentares negros e negras, mas também do combate ao racismo na sociedade”.

Confira o vídeo clicando no link.