Venezuela: PC e Pátria Para Todos lançam bloco de oposição a Maduro
O Partido Comunista da Venezuela (PCV), e o Pátria Para Todos (PPT) se afastaram do governo de Nicolás Maduro e, junto com movimentos sociais e outros setores de esquerda, lançaram um movimento eleitoral próprio chamado Alternativa Popular Revolucionária – APR, para participar das eleições parlamentares marcadas para o próximo 6 de dezembro.
Diferenciando-se do Polo Patriótico, aliança composta por partidos políticos e movimentos liderados pelo governista Partido Socialista Unido da Venezuela, a APR se define como “uma aliança anti-imperialista e verdadeiramente socialista, dirigida a proporcionar uma nova referência de esquerda para os venezuelanos”.
O secretário-geral do PPT, Rafael Uzcátegui, afirmou que não farão aliança eleitoral com o PSUV porque têm diferenças com suas políticas econômicas, seu tratamento ao problema do salário, os benefícios sociais, a luta pela terra e na questão, decisiva para um país independente, de como construir uma economia produtiva.
“Esta iniciativa surge da necessidade de orientar uma resposta política às demandas, reivindicações e lutas diversas que a classe trabalhadora venezuelana, as camponesas e camponeses, os estudantes e todos os setores populares encaram, diante do alto custo de vida, os baixos salários, a especulação comercial desenfreada, a corrupção, a desídia institucional, o desrespeito sistemático aos direitos fundamentais do povo, a criminalização das lutas, e a adoção de políticas regressivas por parte do governo nacional. Em suma, todas as calamidades que padecem as grandes maiorias nacionais respondem à crise estrutural do capitalismo venezuelano, à asfixia econômica do imperialismo estadunidense – que rechaçamos de maneira contundente – e à aplicação, por parte do executivo nacional, de uma política de arrocho macro-econômico burguês”, diz comunicado assinado pelos partidos, publicado no dia 10 de agosto.
“Existe a pressão de Donald Trump sobre um país com bilhões de barris de petróleo em reservas, aos quais não se lhe permite comercializar, com expropriação de ativos, dinheiro em bancos, ouro, problema que é tratado de uma forma equivocada, cedendo frente ao neoliberalismo”, disse Uzcátegui.
“Sabemos que há uma situação difícil, que os recursos do Estado estão submetidos à pressão do bloqueio imperialista, porém o Estado tem a obrigação de proteger os trabalhadores, seus benefícios sociais. O patrimônio dos trabalhadores e sua família não pode ser liquidado pela inflação e desvalorização da moeda atual. Isso é liquidar o patrimônio de quem trabalha”, expressou, informando que o programa do movimento APR será divulgado em breve.
“A crise dos serviços básicos: água, eletricidade, gás doméstico, entre outros, ocasiona que não se possam cumprir as normas elementares de higiene e segurança sob a pandemia. Por outra parte, o estado de alarme se utiliza para aumentar os mecanismos de controle sobre os venezuelanos, incrementando a censura e a perseguição, acabando com os resquícios de liberdade que ainda permaneciam. Enquanto o resto do mundo comemorará o fato de deixar atrás a pandemia, na Venezuela continuaremos lidando com a ausência de democracia, o aumento da pobreza e o reinício da pior crise migratória da região nas últimas décadas”, advertiu o dirigente político do PPT.
A Venezuela vive o seu momento mais crítico da pandemia com 33.755 casos registrados e 281 mortes pela Covid-19. A maioria dos casos se concentram na capital Caracas, com 8.722 doentes.
Enquanto isso, no portal do governo Albaciudad, o ministro do Poder Popular para a Saúde, Dr. Carlos Alvarado, recomenda os remédios que devem ser aplicados contra o Covid-19: “Pacientes assintomáticos, sem doenças adicionais de risco: Se aplica a ivermectina e a cloroquina”.
“A crise humanitária na Venezuela e o colapso do sistema de saúde geraram uma situação perigosa que favorece a rápida disseminação do vírus na população em geral, condições de trabalho inseguras para o pessoal de saúde e uma alta taxa de mortalidade entre os pacientes que necessitam de tratamento hospitalar”, disse a doutora Kathleen Page, professora da Faculdade de Medicina da Universidade Johns Hopkins.