Pátio de montadora em São Bernardo do Campo.

As vendas de veículos recuaram em outubro, segundo dados da Anfavea (Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores), divulgados nesta quarta-feira (6/11). Uma queda de 0,5% na comparação com outubro do ano passado. No ano, as vendas cresceram 8,7%. A produção no mês teve aumento de 9,6% e acumula alta de 3,6% no ano.
Com o estoque em alta, em torno de 365 mil unidades de veículos em outubro, o que equivale a 41 dias de venda, a Anfavea já prepara as paradas programadas da produção e a consequente demissão de mais trabalhadores. Em outubro, o emprego no setor caiu -1,2% em relação a setembro.
Com o recente fechamento da fábrica da Ford em São Bernardo do Campo (SP), o número de trabalhadores das montadoras no Brasil caiu de 131,4 mil em outubro de 2018 para 127,72 mil pessoas em outubro deste ano. Só em 2019, foram para rua 2,8 mil funcionários das montadoras.
Nem todos os benefícios da parte do governo federal dado às montadoras através da Rota 2030, a pretexto de gerar empregos, nem o aumento do crédito para financiamento de veículos, oferecidos pelos bancos, têm sido suficientes para estimular o consumo. As multinacionais não abrem mão de seus superlucros e os bancos mantêm os juros extorsivos em seus financiamentos, num cenário de aceleração do emprego precário e de baixo rendimento.
De acordo com a Confederação Nacional do Comércio, é alto o número de famílias endividadas com financiamento de veículos.
Quanto às exportações, que tem entre seus principais destinos a Argentina, estas continuam em queda, de – 34,7% de janeiro a outubro.
Para o presidente da Anfavea, Luiz Carlos Moraes, o país vizinho é o maior parceiro comercial do Brasil em manufaturados e seu desempenho econômico impacta diretamente a economia brasileira. No caso da indústria automobilística representou no ano passado 72% das exportações brasileiras para a Argentina e caiu para 51%.
Segundo Moraes, o presidente eleito Aberto Fernández “tem um desafio enorme de colocar o país novamente na rota de crescimento. E o Brasil tem que encontrar um caminho de bom senso, sem ideologia”, declarou numa clara referência às declarações de Bolsonaro sobre sua tentativa de retirar a Argentina do Mercosul.