matéria especial sobre clientes de super mercado que migra para atacadão em busca de melhore preços.

As vendas do comércio varejista, após dois meses seguidos em torno de 0% (julho 0,5% e maio 0,1%, revisados) registraram 1,0% em julho, em comparação com junho deste ano, na série com ajuste sazonal, divulgada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), na quarta-feira (11). Já no comércio varejista ampliado, que inclui as atividades de material de construção e veículos, as vendas variaram 0,7% em julho frente ao mês junho.
Ao longo do ano, o comércio varejista vem patinando diante de uma economia fragilizada pelo alto desemprego, o subemprego e pela queda da renda dos trabalhadores, que diminuem o consumo. Mesmo com a revisão do IBGE, para cima, nos números das vendas no varejo, mês a mês imediatamente anterior, o desempenho deste ano não é nada animador para empresários e especialistas, que acreditavam que 2019 poderia ser melhor do que foi o ano 2018 para o setor.
Volume de vendas do varejo restrito:
Janeiro (0,6%); Fevereiro (0,0%); Março (0,2%); Abril (-0,3%); Maio (0,1%); Julho (0,5%); Julho (1,0%).
Segundo o IBGE, o resultado de julho está no patamar de vendas próximo a junho de 2015, quando o país estava em plena recessão, e destaca que o indicador ainda se encontra 5,3% abaixo do nível recorde alcançado em outubro de 2014, quando naquele semestre o país entrou em recessão.
Para a economista e gerente da pesquisa mensal de comércio do IBGE, Isabella Nunes, o crescimento nas vendas em julho pode ser explicado pelo aumento na população ocupada, que acaba influenciando as “vendas de hipermercados”, que cresceu 1,9%, e Outros artigos de uso pessoal e doméstico, alta de 8,1%; que são atividades básicas para as famílias.
Porém, o aumento da população ocupada, segundo o IBGE, é resultado do aumento do emprego informal e por conta própria. No final do mês passado (22), o IBGE divulgou um novo recorde no número de trabalhadores por conta própria no fechamento do segundo trimestre de 2019. De acordo com o instituto, a soma de pessoas que trabalham por conta própria – isto é, sem empregador, sem renda fixa, que vivem de “bicos” para sobreviver e que estão desprotegidas de diretos trabalhistas – chegou a 24,1 milhões de brasileiros. Desde 2017, este número cresceu desproporcionalmente ao emprego com carteira assinada e hoje já representa 25,9% do total de empregados do país.
Isabella Nunes alerta que o aumento do trabalho informal ainda não garante um crescimento sustentável para o varejo, porque a qualidade de renda deste perfil de trabalhador é baixa para o consumo se estender para além de atividades que não sejam básicas, e afirma que para o setor varejista alcançar um novo patamar, é preciso que a renda dos trabalhadores cresça.
“Para ganharem um novo patamar, as vendas precisam que a renda do trabalhador aumente mais”, disse Nunes.