Porto Rico

Após duas semanas de protestos em massa, o governador de Porto Rico, Ricardo Rosselló, anunciou sua renúncia para 2 de agosto. O político está no centro de um escândalo desencadeado pelo vazamento de conversas entre ele e alguns de seus assessores. As mensagens foram trocadas no aplicativo Telegram.

Nas conversas, Rosselló e outros 11 membros de sua equipe usam linguagem obscena para debochar de jornalistas, mulheres, políticos, artistas, membros da comunidade Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis, Transexuais ou Transgêneros (LGBT) e vítimas do furacão Maria, que atingiu a ilha há quase dois anos. As mensagens, vazadas pelo Centro de Jornalismo Investigativo, enfureceram porto-riquenhos já frustrados com a corrupção, a má gestão, a crise econômica e a lenta recuperação do país após o furacão.

No início desta semana, dezenas de milhares de pessoas se reuniram em mais um protesto na capital, San Juan, para exigir a demissão do governador da ilha caribenha. O cantor Ricky Martin, que é porto-riquenho, se juntou aos protestos e pediu a renúncia de Rosselló por meio das redes sociais.

Nesta quarta, uma multidão de milhares de pessoas reunidas diante da mansão do governador na capital comemorou o anúncio feito por Roselló por meio do Facebook. Em várias partes da cidade, os cidadãos foram até as janelas e fizeram um “panelaço”.

“Depois de escutar as reivindicações, falar com a minha família, pensar nos meus filhos e em oração, hoje anúncio que renunciarei ao posto do governador efetivo no dia 2 de agosto”, disse o governador em seu comunicado, listando seus feitos antes de deixar claro que renunciará.

Rosselló disse esperar que sua renúncia sirva de “apelo à reconciliação dos cidadãos”. A secretária de Justiça, Wanda Vázquez, assumirá o cargo ocupado por Rosselló por dois anos e meio. O político de 40 anos, filho de um ex-governador, tornou-se o primeiro chefe do Executivo a renunciar na história moderna de Porto Rico.

O país é, na realidade, um território dos Estados Unidos onde vivem mais de 3 milhões de cidadãos norte-americanos. Antiga colônia espanhola, o território foi anexado aos EUA após a Guerra Hispano-Americana de 1898. Sua população, majoritariamente falante do espanhol, tem a cidadania americana desde 2017, mas sem o direito de votar para presidente. A onda de protestos é vista como a pior crise política da história de Porto Rico.

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Com informações da Agência DW

Edição: André Cintra