Vanessa: ZFM é um modelo de desenvolvimento e de proteção da Amazônia
A ex-senadora e pré-candidata pelo PCdoB do Amazonas, Vanessa Grazziotin destacou, em entrevista nesta quinta-feira (11), os motivos dos ataques que o governo federal faz contra a Zona Franca de Manaus. Para ela, esses embates do atual presidente da República, Jair Bolsonaro, têm sido uma constante e prejudica todo o projeto de desenvolvimento da região.
A Zona Franca de Manaus (ZFM) foi criada há mais de 50 anos com a finalidade de estabelecer incentivos fiscais e fomentar o desenvolvimento econômico e industrialização da região ao mesmo tempo que promove a conservação ambiental na Amazônia.
“A Zona Franca não é apenas um modelo de desenvolvimento, de geração de emprego, responsável por 90% da economia do estado e só, ela tem sido um colchão de amortecimento, de proteção do meio ambiente, da Amazônia”, ponderou Vanessa.
Vários governos já tentaram prejudicar a ZFM, como nos governos neoliberais, exemplificou a pré-candidata, “mas nunca teve um ato tão direto e fatal contra a Zona Franca quanto desse presidente Bolsonaro”, denunciou Vanessa.
No primeiro momento, esclareceu Vanessa, o presidente Bolsonaro foi alertado não só para os representantes políticos, mas pelos empresários e trabalhadores, que aquele decreto era prejudicial. Na época, ele se comprometeu em rever, mas ao contrário disso, Bolsonaro publicou outros dois decretos que atingiriam diretamente o setor. Vários seguimentos recorreram à justiça e conseguimos uma liminar concedida pelo Supremo Tribunal Federal (STF), contou a ex-senadora.
Ela explicou que as ofensivas do governo federal contra a região começaram em fevereiro deste ano, quando Bolsonaro publicou o primeiro decreto, promovendo uma diminuição dos impostos daqueles produtos que eram fabricados na ZFM. Vanessa explicou que ninguém é contra a diminuição de impostos, “mas Bolsonaro impôs essa redução exatamente naqueles produtos que eram fabricados na ZFM, o que fazia que nós perdêssemos a competitividade”, explicou.
“Quando a gente fala em preservação, em geração de emprego, de desenvolvimento, a gente tem obviamente de falar de ZFM. Então, é lamentável que a gente viva nessa guerra permanente com o presidente da República. Muito diferente dos governos anteriores, como do Lula e Dilma que nós conseguimos não apenas 60 anos de prorrogação da Zona Franca, mas também estabilidade jurídica, desenvolvimento efetivo, um dos maiores que a ZF teve”, ponderou Vanessa Grazziotin.
Pauta feminina
Na entrevista, a ex-senadora que já foi Procuradora da Mulher no Senado e é Secretária Nacional da Mulher do PCdoB (licenciada) comentou também sobre falta de representatividade feminina na política e atribuiu à sociedade machista a causa da ausência de mais mulheres na política. Para ela, a conscientização de que o machismo existe deve ser o primeiro passo e com isso deve-se criar mecanismos de defesa, de proteção e de integração das mulheres.
“Primeiro temos que tomar consciência que nós vivemos numa sociedade machista. Uma sociedade que é organizada em torno de discriminações, de raça e de gênero, contra as mulheres, porque é isso que explica o fato de ser mais da metade da população e do eleitorado e ocupar somente, em média, 15% das cadeiras do parlamento, ressaltou.
Disputa à presidência
A pré-candidata a deputada fez uma avaliação sobre a disputa ao Planalto e fez uma alerta: “Eleição a gente nunca pode dizer que já está ganha, principalmente, não pode colocar sapato alto e achar que são os melhores, que nós somos os melhores e que o povo está com a gente, pois são mais de 50 dias para as eleições e pode vir ainda muita novidade. Sabemos que o lado de lá não presa absolutamente nada pela democracia. Que usa os expedientes mais danosos e criminosos para poder se reerguer”, ponderou a ex-senadora.
Vanessa também comentou sobre as eleições ao governo do seu estado e como foi a construção da Federação no Amazonas.
Iniciação a política
Nascida no interior de Santa Catarina, a ex-senadora Vanessa Grazziotin descreveu que mudou ainda muito jovem com os seus pais para o estado do Amazonas e que “integrou totalmente à região”, local onde estudou, se graduou em Farmácia, pela Universidade Federal do Amazonas – “única faculdade da época” – que depois casou e teve uma filha manauara.
Vanessa comentou que era filha de pais de classe média e de família que não tinha envolvimento com a política, mas foi na faculdade que ela começou a entender a realidade ao seu redor e questionar, nos anos de 1970, o motivo por não poder votar para presidente da República. Ela também se perguntava porque os estudantes não poderiam se organizar e também porque o povo pobre, mais simples, não tinha o mesmo direito que ela, uma pessoa privilegiada. “Foi aí que tomei consciência da minha tarefa e do meu dever, não só apenas de estudar para ser uma boa profissional, mas lutar para que todos pudesse ter os mesmos acessos que eu tinha”.
Vanessa computa ainda em sua carreira, inúmeros projetos aprovados no Senado. Além de ser vereadora de Manaus, Vanessa também foi eleita, por três mandatos, deputada federal. “Sempre pelo mesmo partido, o PCdoB”, frisou.
Confira a íntegra da entrevista: