Vanessa rebate base aliada: “Reforma trabalhista é um retrocesso”
A senadora Vanessa Grazziotin (PCdoB-AM) rechaçou a tese lançada por membros da base aliada do governo de que a oposição estivesse atuando deliberadamente para retardar a tramitação do projeto da reforma trabalhista, o PLC 38/2017, no Senado. Em discurso na tribuna da Casa, nesta quinta-feira (8), Vanessa destacou que, diferentemente do governo que tenta atropelar o debate, a oposição busca ampliar o diálogo já que se trata de um tema de alta relevância.
O relatório do senador Ricardo Ferraço (PSDB-ES), aprovado na Comissão de Assuntos Econômicos (CAE), seria lido na Comissão de Assuntos Sociais (CAS), mas a oposição pressionou e denunciou o atropelo do prazo mínimo exigido pelo Regimento. Depois de muita discussão, a base do governo recuou e selou um acordo para que a leitura ficasse para a semana que vem.
Na tribuna, a senadora destacou o papel do senador Paulo Paim (PT-RS) para fechar o acordo. Ela reforçou que a ideia não é procrastinar a deliberação sobre o projeto, mas ter tempo para dialogar com os defensores e com a sociedade.
Vanessa argumentou ainda que a proposta apresentada pelo governo Temer não pode ser aprovada, pois se trata de um projeto que lesa os direitos básicos dos trabalhadores. Ela também criticou a proposta defendida pelo relator Ferraço, de uma promessa de Temer de vetar os pontos mais danosos, corrigindo-os por meio do envio de projetos e medidas provisórias ao Congresso. Para ela, tal medida significa abrir de legislar, o que contrária o mandato de um parlamentar.
“Por que delegar ao Executivo aquilo que é dever do Legislativo, por quê? E num momento de crise tão profunda que nós vivemos. Todos, é voz corrente o que todos dizem: não se sabe quem será o presidente de amanhã”, frisou.
Vanessa apontou ainda que o projeto cria lacunas que podem agravar ainda mais o desemprego no país, como a questão a possibilidade de ocorrer demissão em massa sem que o sindicato, por exemplo, seja notificado, pois o projeto equipara a demissão individual com a demissão em massa.
“Imaginem, então, que, para um empregador demitir um funcionário, a regra é a mesma do que para ele demitir mil funcionários. Olhem a situação!”, enfatizou.
E reforça: “Agora, isso não prejudica só o trabalhador, prejudica o Estado brasileiro, prejudica o Poder Público, pois diminui a arrecadação… Eu não quero aqui criticar empresários, porque, assim como na política e em qualquer segmento da vida, se existem os maus, existem os bons. E eu sou daquelas que acredita ainda que a maioria são os bons, mas que se contaminam e são manchados pelos maus. Então, também existem bons empresários, mas o projeto não contribui com os bons empresários. O projeto facilita a vida dos maus empresários”.