A secretária nacional da Mulher do PCdoB e ex-senadora do Amazonas, Vanessa Grazziotin, tem sido uma referência na luta pela igualdade de gênero e por mais espaços políticos e de poder para a mulher. Primeira senadora a presidir uma CPI — sobre tráfico de pessoas, a partir de 2011 e, mais tarde, a CPI da Espionagem — Vanessa falou, ao jornal Folha de S.Paulo, em reportagem publicada nesta segunda-feira (26), sobre as dificuldades encontradas para a participação feminina nestes espaços.

“Geralmente, onde as mulheres ocupam posições de mais destaque são nas CPIs de temas mais sociais, como violência contra a mulher, tráfico de pessoas. Isso reflete a estrutura da nossa sociedade, que liga as mulheres às tarefas dos cuidados, enquanto os homens se ocupam das tarefas ligadas ao poder. Quando se foge desse estereótipo, as mulheres sofrem”, declarou.
A reportagem, que teve como ponto de partida a falta de participação oficial de mulheres na CPI da Covid, aponta que elas estão excluídas de duas a cada três CPIs, demonstrando uma das muitas dificuldades enfrentadas por lideranças femininas para atuar no mundo político, em especial no Congresso Nacional e mais especificamente no Senado.

Conforme dados obtidos pelo jornal, “mulheres participaram como titular em apenas 32% das CPIs instaladas no Senado desde 1946, após o fim do Estado Novo de Getúlio Vargas, período em que essas comissões passaram a funcionar de forma efetiva”. Ao todo, desde aquele momento até hoje, houve 68 CPIs na Casa, das quais as senadoras participaram de apenas 22. O PCdoB foi um dos partidos que mais indicou mulheres para vagas titulares em CPI.

O jornal aponta ainda que “há atualmente 11 senadoras, que representam 13,5% da Casa, fatia que nem de longe segue a proporção feminina na população (52%) e que é fruto também da histórica baixa representação feminina na política”.

À Folha, Vanessa lembrou que em mais de um momento teve de exigir respeito à sua participação em CPI, diante de comportamentos machistas de colegas homens. Ela acrescentou que hoje, “talvez por conta do retrocesso político, cultural, nos costumes, alguns parlamentares se sentem mais à vontade para expressar opiniões discriminatórias e até violentas contra mulheres”.

Por meio de suas redes sociais, Vanessa acrescentou: “A luta pela ocupação dos espaços de poder é nossa prioridade. Já avançamos, mas precisamos avançar mais e garantir a equidade de gênero. Só assim teremos democracia”.

Por Priscila Lobregatte
Com informações da Folha de S.Paulo