A ex-senadora Vanessa Grazziotin (PCdoB-AM)

Liderança política local, Vanessa criticou a falta de planejamento e inércia dos governos para se antecipar ao colapso do sistema de saúde de Manaus.

A capital do Amazonas vive, pela segunda vez, um colapso do sistema de saúde e anuncia outra crise do sistema funerário. Com isso, a ex-senadora Vanessa Grazziotin (PCdoB-AM) emocionou-se e fez um apelo para que todos se unam para ajudar o estado a superar rapidamente estes momentos dramáticos. Esforços locais e federais de última hora têm sido insuficientes para suprir a necessidade de insumos nos hospitais.

“Estou aqui para falar de um momento muito difícil que estamos passando em Manaus e no Amazonas. Nosso sistema de saúde está novamente colapsado. É inacreditável, porque nós já vivemos isso no ano passado”, lamentou Vanessa.

Quando se acreditava que Manaus estaria superando a pandemia, devido uma ilusória baixa de contágios e mortes nos meses finais de 2020, uma nova onda de aceleração de infecções atinge o estado, se refletindo na dificuldade dos hospitais em atender os pacientes adequadamente.

Ela denuncia a falta de autoridade e reatividade dos governos ao problema. “O governador até anunciou um lockdown, em dezembro, mas não suportou a pressão, porque não tem autoridade e voltou atrás”, criticou. As festas de final de ano foram particularmente problemáticas para o contagio, promovendo aglomerações. “Nenhuma medida ele adotou para preparar o sistema de saúde para receber as pessoas”, criticou.

O governo reage tardiamente com toque de recolher e quarentena quando sequer há oxigênio nos hospitais e alas inteiras de pacientes morrem asfixiados pela covid-19. O transporte de cilindros é incapaz de levar grandes quantidades, e a indústria não tem mais capacidade de oferta. Assim, tanto o Ministério da Saúde, quanto a Secretaria Estadual de Saúde têm se mostrado reativos em agir tardiamente, sem ter planejado a demanda pelos insumos.

O Amazonas teve frequentes problemas de subnotificação e apagão de dados da pandemia

“Pessoas estão morrendo sem assistência. Não tem medicamento, não tem profissional, não tem oxigênio”, alarmou-se a liderança política. Com isso, ela faz referência às imagens e relatos chocantes que se espalham pelo mundo, similares aqueles do início da pandemia na Itália, que estarreceram a todos.

“Eu não quero falar dos entes queridos que nós perdemos, que eu perdi, porque todos e todas, em Manaus, todos os dias, perdem pessoas. É difícil a situação”, diz Vanessa, em tom de desalento. Para ela, “a hora, agora, é de solidariedade”. “Precisamos nos unir para ajudar uns aos outros”, convida.

Mas, como liderança política local que acompanha de perto tudo que o governo não tem feito, ela faz um chamado à reflexão, diante da inércia das gestões. “Depois que tudo passar, depois que a vacina vier – aliás, já era para estar aqui, não fosse o presidente da República –, depois disso tudo, a gente precisa conversar”, diz ela, antecipando a crítica ao modo como o governo federal atrasa medidas emergenciais.

“A gente precisa conversar sobre o governo do Amazonas, precisa conversar sobre a presidência da República, porque não é mais possível continuar vivendo do jeito que nos estamos. Agora, a hora é de solidariedade”, declarou.

O apelo à cooperação entre governos tem sido no sentido de transferir pacientes para estados menos atingidos pela pandemia, contribuição na logística de transporte de cilindros de oxigênio por terra, rio e ar, assim como esforço da indústria para produção do insumo em falta.

(por Cezar Xavier)