Vanessa Grazziotin: Na ONU, Bolsonaro envergonha a nossa gente
Na última terça-feira, dia 22, aconteceu a abertura do mais importante encontro da comunidade internacional: a Assembleia Geral das Nações Unidas. E como de praxe, o Brasil fez o pronunciamento de abertura, o pronunciamento inaugural.
Por Vanessa Grazziotin*
Pela segunda vez Bolsonaro representou o nosso país e pela segunda vez Bolsonaro envergonhou o nosso país, envergonhou a nossa gente. Se me pedissem para fazer uma análise sintética do que foi o pronunciamento do Bolsonaro eu diria em poucas palavras: faltou verdade.
Do começo ao fim o pronunciamento do Bolsonaro não tem comparativo com a nossa realidade. Bolsonaro iniciou falando sobre a pandemia, seguiu sobre a economia, entrou na questão ambiental e concluiu o discurso falando de democracia, falando dos princípios das Nações Unidas.
Em nenhum destes temas Bolsonaro falou a verdade. Em relação à pandemia, a forma como Bolsonaro falou parece que foi um estadista do mundo que mais cuidou da sua gente. A pessoa mais preocupada com a saúde pública, com a sobrevivência, principalmente dos mais vulneráveis.
Entrando na economia, parece que Bolsonaro fez o que pode e o que não pode para ajudar das grandes, às médias e às pequenas e micro empresas. Não, Bolsonaro não fez nada disso e o mundo sabe.
O mundo sabe como Bolsonaro foi negacionista durante a pandemia – e continua sendo. O mundo sabe o quanto Bolsonaro resistiu em aplicar políticas públicas para garantir o mínimo de dignidade e sobrevivência à maioria do povo brasileiro.
O mundo sabe o quão Bolsonaro não tem agido para ajudar a nossa economia, o nosso desenvolvimento econômico. Porque o mundo conhece os números e sabe do crescimento do desemprego, da queda vertiginosa da produção industrial.
Entrando no meio ambiente, aí foi o vexame total. Bolsonaro falou como se fosse o presidente que detém a maior floresta tropical do planeta mais preocupado com o meio ambiente. Falou como se não vivêssemos um momento de maior devastação das florestas, de avanço das queimadas, de avanço do desmatamento.
Bolsonaro falou de tudo, escondendo a boiada que está passando. Escondendo a sua forma de permitir com que ações ilegais continuem a acontecer sobretudo na Amazônia brasileira. A sua complacência com a ilegalidade, a sua complacência com o desmatamento, com as queimadas que acontecem na Amazônia.
Bolsonaro teve a capacidade, teve a cara de pau de dizer que a sua política é de tolerância zero com os crimes ambientais. A quem ele pensa que engana? Ah, eis aqui o centro da questão.
Bolsonaro não falou para o mundo. Como sempre, Bolsonaro falou para o Brasil. Falou para os seus eleitores, falou para os seus apoiadores, para que todos continuem a repetir aquele velho mantra: “é o mundo contra Bolsonaro e Bolsonaro é o herói do povo brasileiro”.
Ora, a mentira leva longe, mas a mentira não tem pernas tão longas assim. Um dia Bolsonaro será desmoralizado e nós temos essa obrigação, de, usando dos dados da realidade, mostrar ao povo brasileiro quem é e o que quer Bolsonaro.
Usando as palavras bíblicas, usando da boa fé do povo, Bolsonaro aos poucos destrói não só o Brasil, mas destrói o presente e o futuro de um povo. Um povo que precisa de trabalho, um povo que precisa de dignidade.
Mais do que nunca o Brasil precisa se unir contra, não a figura de Bolsonaro, mas a postura de Bolsonaro, a forma de agir de Bolsonaro, que, repito, é de destruição do Brasil é de destruição do meio ambiente, é de destruição de toda a nossa gente.
*Vanessa Grazziotin, ex-senadora (AM), é membro do Comitê Central do PCdoB
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(PL)