Vanessa: governo deixa milhões de famílias sem nenhuma renda
O Brasil vive um momento de crise que afeta, principalmente, os mais pobres. Cerca de 14 milhões de pessoas estão desempregadas. Neste índice nem entram os desalentados, aquelas pessoas que desistiram de procurar emprego.
Por Vanessa Grazziotin*
Segundo a Organização Internacional do Trabalho (OIT), em seu relatório Perspectivas Sociais e de Emprego no Mundo em 2022, divulgado na segunda-feira (17/1), o país não conseguirá retomar o nível de emprego pré-pandemia neste ano.
Diante desse quadro, o socorro do governo federal às famílias sem acesso ao trabalho e, consequentemente aos alimentos e outras necessidades básicas, deveria ser amplo e urgente. Mas não é isso que acontece. Ao contrário, acabou com o Bolsa Família para colocar sua marca em um programa social chamado Auxílio Brasil, mas nem todas as famílias foram cadastradas no novo programa.
O fim do pagamento do auxílio emergencial, que ajudou a população vulnerável durante a pandemia, deixou cerca de 27 milhões de famílias sem ajuda do governo, fora do novo programa de transferência de renda.
Esse impacto é muito alto nas cidades que sentiram os efeitos do auxílio emergencial, embora tivessem uma cobertura menor do Bolsa Família. Em 1.036 municípios do país, 75% ou mais da população que teve acesso a algum desses benefícios ao longo de 2021 ficou sem atendimento.
Essas cidades figuram entre aquelas que mais ampliaram a cobertura de assistência social enquanto vigorou o auxílio emergencial. Nesses municípios, de 9,1 milhões de pessoas que receberam parcelas até outubro o atendimento caiu para 1,8 milhão no programa social renomeado por Bolsonaro, com um benefício médio de R$ 409 por mês.
No início desse ano, o governo ampliou de 14,6 milhões para 17,6 milhões o número de famílias atendidas pelo Auxílio Brasil, mas a cobertura é muito aquém dos que recebiam o auxílio emergencial ou o Bolsa Família a maior em 2021.
Quase o total dos municípios em que há grande perda de cobertura assistencial são de pequeno ou médio porte, com até 100 mil habitantes. Nesses 1.036 municípios, circularam mais de R$ 1,8 bilhão por mês com os pagamentos do auxílio emergencial e do Bolsa Família até outubro de 2021. Com o Auxílio Brasil, o volume caiu para R$ 722 milhões.
A frieza dos números não mostra o principal: a dificuldade de milhões de famílias de colocar comida na mesa, tarefa cada vez mais difícil numa economia que convive, além do desemprego, com a inflação dos alimentos passando de dois dígitos.
O Brasil precisa de outro caminho, de desenvolvimento econômico que priorize a geração de empregos e com isso a capacidade das famílias se sustentarem. Ao mesmo tempo, as políticas públicas deverão prover aquilo que a economia de mercado não é capaz de dar, garantindo o básico, como acesso aos alimentos, à saúde e à educação. São coisas simples, mas que, infelizmente, o atual governo do Brasil não irá garantir.
Por outro lado, como não há mal que dure para sempre, as eleições desse ano serão a oportunidade de reverter essa situação. Enquanto isso, vamos continuar pressionando por medidas emergenciais em socorro desses brasileiros que precisam urgentemente que alguém lhes estenda a mão.
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*Secretária nacional da Mulher do PCdoB. Foi dirigente estudantil e sindical; vereadora em Manaus, deputada federal e senadora da República pelo PCdoB Amazonas. Foi procuradora da Mulher no Senado.
(Artigo publicado originalmente no portal Brasil de Fato)
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