Vanessa: Dia da Enfermagem deve ser exemplo para a luta cotidiana
No último dia 12 de março se comemorou o Dia Internacional da Enfermagem. Este é um dia de celebrar, brindar e saudar as trabalhadoras e os trabalhadores. Mas é um dia que deve ir além da saudação e da comemoração, pois nos leva a fazer uma profunda reflexão sobre a situação das e dos profissionais da área da Enfermagem no mercado de trabalho e as condições que esses profissionais são submetidos no dia a dia para cuidar de vidas, para cuidar de pessoas.
Por Vanessa Grazziotin*
No Brasil, além do Dia Internacional, que é 12 de maio, comemora-se e reflete-se sobre a função e a profissão da área da Enfermagem, durante toda a semana, que vai do dia 12 ao dia 20 de maio.
E é muito importante que haja um envolvimento significativo de todas as categorias neste processo. Não apenas daquelas que compõem a área da saúde, mas todas as categorias profissionais, para que possamos avançar na luta pela valorização e pelo reconhecimento dessa profissão tão importante, mas infelizmente tão pouco valorizada.
Luta pela valorização
É preciso que ampliemos a luta com jovens, estudantes, homens e mulheres. É preciso que estejamos todas e todos de mãos dadas com essas e esses profissionais tão importantes.
Também queria dizer que a luta pela valorização dos profissionais é uma luta que se confunde com a própria luta das mulheres, pois no Brasil essa é uma profissão composta majoritariamente por mulheres.
Os números chegam a 85%, dos aproximadamente dois milhões de profissionais. E isso não é a toa, porque somos nós, mulheres, que estamos vinculadas socialmente às tarefas dos cuidados. E a Enfermagem é uma tarefa de cuidado.
Piso salarial
A luta hoje é pela aprovação do Projeto de Lei 2.564/2002, do Senador Fabiano Contarato. Este é um PL que não apenas garante uma jornada de 30h semanais – o que já é estabelecido para diversas outras profissões na área da saúde, inclusive na categoria médica – mas que estabelece também um piso salarial que vai de R$7.315 para enfermeiras e enfermeiros; 70% deste valor para os técnicos; e 50% deste valor para auxiliares e parteiras.
Então para que a gente, de fato, reconheça a importância do papel social e homenageie essas e esses profissionais, é preciso que entremos nessa luta. Uma luta que eu chamo de necessária.
Não apenas para a qualidade de vida de homens – e principalmente de mulheres. Essa é uma luta estrutural, pois grande parte dessas mulheres são arrimo de família, sustentam sozinhas suas casas, cuidam sozinhas dos seus filhos e, portanto, como todas as mulheres, estão submetidas à duplas ou triplas jornadas de trabalho.
Mulheres lutadoras
Mas essas são mulheres que sempre fizeram parte das lutas e das conquistas dos trabalhadores e das trabalhadoras no Brasil e no mundo. O 12 de maio é uma data que referencia Florence Nightingale, uma mulher que não se submeteu à submissão que era imposta às mulheres de seu tempo e da sua época.
Florence, que nasceu em 1820 e que, enfrentando tudo e todos, num momento em que mulheres só podiam ser mães, esposas e donas de casa, ela não apenas se formou em Enfermagem, como também organizou uma equipe de mais de 38 companheiras para atuar na linha de frente da Guerra da Criméia.
Assim como nós temos um outro grande exemplo no Brasil que é Ana Néri. Ana Justina Ferreira Néri, nascida também na década de 1814 e que, da mesma forma que Florence, tomou a dianteira de seu tempo, formou-se em Enfermagem e organizou mulheres para lutar na Guerra do Paraguai.
Condições dignas
São mulheres bravas, guerreiras e lutadoras, como são ainda hoje essas profissionais, que devem merecer de nossa parte, repito, não apenas as homenagens, mas a nossa disposição de luta para garantir-lhes o que é mais importante: condições dignas e justas de trabalho. Viva as enfermeiras, viva os enfermeiros. Viva a enfermagem.
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*É secretária nacional da Mulher do PCdoB. Foi dirigente estudantil e sindical. Foi vereadora em Manaus, deputada federal e senadora pelo PCdoB Amazonas. Foi procuradora da Mulher no Senado.
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