Seria engraçado se não fosse trágico assistir ao anúncio do PL em que Bolsonaro aparece entre um grupo de jovens afirmando que “sem pandemia, sem corrupção e com Deus no coração, ninguém segura essa nação”; pois ele é o oposto do que apregoa ou então fala de outra pessoa, quem sabe do futuro presidente do Brasil.

Por Vanessa Grazziotin*

O ocupante do Palácio do Planalto foi o responsável pela alta letalidade da pandemia no Brasil. Atrasou o quanto pode a vacinação, distribuiu Fake News com mentiras sobre efeitos colaterais das vacinas, fez ou fizeram negociatas embaixo do seu nariz para comprar vacinas superfaturadas por intermediários e até de empresas que sequer existiam. Foi indiciado por nove crimes pela CPI da Covid realizada no Senado.

Seus ministros caem um depois do outro, acusados de corrupção e ele os defende, pois faz parte do mesmo esquema. Foi o que aconteceu agora, com o escândalo no MEC. Num primeiro momento, Bolsonaro tentou se afastar do escândalo, dizendo que deveria ser apurado. Depois, quando um dos pastores ameaçou entregar todo mundo, passou a apoiar o ex-ministro preso. E descobriu-se na sequência que ele avisou Milton Ribeiro de uma busca e apreensão na sua casa, segundo o próprio Ribeiro disse à sua filha em um telefonema gravado pela Polícia Federal. Logo em seguida, veio a notícia de que o ministro da Justiça, chefe da PF, estava com Bolsonaro quando ele telefonou para Milton Ribeiro.

O cerco está se fechando contra Bolsonaro. Foram milhões roubados da educação, há depoimentos de vários prefeitos dando conta de que eram achacados, precisavam pagar propina para ter acesso aos recursos do Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE). Os técnicos de carreira do Ministério da Educação já haviam registrado internamente que, às vezes nem conseguiam trabalhar, pois precisavam dividir o espaço com os lobistas corruptos.

A ministra do Supremo Tribunal Federal (STF), Carmem Lúcia, viu uma situação gravíssima e solicitou à Procuradoria-Geral da República (PGR) manifestação sobre a abertura de uma investigação contra o presidente Jair Bolsonaro e o ex-ministro Milton Ribeiro por obstrução de Justiça, além da corrupção.

O Senado pode abrir uma CPI do MEC para investigar a roubalheira e o governo tenta achar formas de impedir, pois sabe que haverá desgaste para sua candidatura à reeleição com os depoimentos sendo transmitidos para todo o Brasil. Quer impedir os senadores de fazerem o seu trabalho, que é fiscalizar o executivo.

Está ficando demonstrado o envolvimento do presidente da República em toda essa sujeira. Bolsonaro morre de medo de perder a eleição e ir parar na cadeia, por isso faz ameaças golpistas e acena para os militares.

Está provado que a propaganda de Bolsonaro na TV é muito falsa. Além de ser responsável pelas mortes na pandemia, de estar envolvido até o pescoço em escândalos de corrupção, é improvável que tenha Deus no coração. Se tivesse, seria mais humano e lamentaria as mortes e a situação de fome do povo brasileiro.

É chegada a hora de Bolsonaro pagar por todos os crimes que comete contra o povo brasileiro. A lista é extensa, não dá para tratar de tudo em um só artigo, mas o que temos aqui já é suficiente para ele puxar alguns anos de cadeia.

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*Pré-candidata a deputada federal pelo Amazonas e ex-secretária nacional da Mulher do PCdoB. Foi dirigente estudantil e sindical; vereadora em Manaus, deputada federal e senadora da República pelo PCdoB Amazonas. Foi procuradora da Mulher no Senado.

(Artigo publicado originalmente no portal Brasil de Fato)

 

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