“É preciso acabar com estes tempos de colônia”, afirmou Verónika Mendoza (c)), candidata à presidência pelo movimento Juntos pelo Peru (JP)

“É hora de um governo valente, digno e soberano, que acabe com estes tempos de colônia. É hora de recuperar a soberania sobre nosso território, de nossos recursos naturais, começando pelo gás. Nós vamos nacionalizar o gás”. A afirmação é da professora Verónika Mendoza, candidata à presidência pelo movimento Juntos pelo Peru (JP), em recente visita à região do Alto Cusco.

A líder oposicionista, que é também psicóloga e antropóloga, disse que é inadmissível que o gás continue sendo drenado para fora do país, sangrado à Europa e ao Japão, como é feito há 15 anos e que “não fique uma só gota para Cusco, nem uma só gota para o sul do Peru”. “Não é possível que, na Bolívia, 40% das famílias tenham conexão domiciliar de gás; na Colômbia cheguem a 60% da população com gás em casa, e nós, tendo reservas de gás, não o utilizamos. Vamos construir o gasoduto Sul para aumentar o uso do gás no país”, frisou.

Acompanhada dos candidatos da região ao Congresso, Verónika ressaltou que este abandono é resultado da política neoliberal, de submissão aos interesses externos, que dilapidou o patrimônio público para uns poucos. “Isso é o que tem que mudar e vai mudar. Vamos concretizar o gasoduto do sul”, enfatizou.

Entre as prioridades do Juntos pelo Peru, assinalou a candidata, estão a garantia do direito à moradia popular e a ampliação no investimento no saneamento e no acesso a serviços básicos, com o objetivo de melhorar a qualidade de vida de todos e não de uma escassa minoria.

Verónika voltou a condenar a exclusão digital, pois somente quatro de cada dez lares peruanos têm hoje conexão com a internet. “Hoje o acesso à internet é fundamental para a educação, para a saúde e para criarmos oportunidades de emprego. Não pode ser um luxo nem um serviço especial, deve ser um direito”, destacou. A compreensão de que este é um investimento que traz implicações diretas no desenvolvimento individual e coletivo, enfatizou, “fará com que o nosso governo fiscalize e garanta o acesso de todos à internet e que a pessoa receba pelo serviço contratado”.

Faltando menos de um mês para as eleições de 11 de abril, a economia peruana agoniza. Com a exploração de recursos naturais – como gás, ouro e cobre – inteiramente dominada pelo capital transnacional e o turismo altamente prejudicado pela pandemia, a informalidade alcança 70% da população economicamente ativa. Conforme o Instituto Peruano de Economia (IPE), o salário dos peruanos caiu cerca de 12% nos últimos meses e a pobreza atinge 6,4 milhões de pessoas, o equivalente a 20,5% da população.