Vale lucra R$ 30 bi em meio à pandemia e ao desastre de Brumadinho
A companhia Vale obteve no primeiro trimestre de 2021 um lucro líquido de R$ 30,5 bilhões. o maior lucro trimestral já registrado em toda a história da empresa. É um valor que supera o resultado de R$ 984 milhões em igual trimestre de 2020 em quase 3.000%. As informações foram prestadas pela própria empresa na segunda-feira (26).
Impossível não contrastar esses números com o valor de cerca de R$ 18 bilhões, ao câmbio de R$ 5,50, pagos na compra da companhia quando da sua privatização. Com o lucro de apenas um trimestre, os atuais acionistas já recuperaram seus capitais investidos, sem contar as outras dezenas de bilhões de outros exercícios.
Em 2020, a empresa teve lucro de R$ 26,7 bilhões. Nos três meses iniciais de 2021, o lucro de R$ 30,5 bilhões já é maior do que o lucro do ano passado, que já tinha sido muito alto.
A origem principal do resultado do trimestre foi o aumento das vendas, que mais que dobraram (121,8%) na comparação interanual, passando de R$ 31,3 bilhões entre janeiro e março de 2020 para R$ 69,3 bilhões e possível pela retomada de operações em minas que haviam sido interditadas após a tragédia de Brumadinho (MG)
O aumenta da demanda, especialmente pela retomada econômica da China, e o aumento do preço médio do minério de ferro estão entre as razões mais importantes para o boom de vendas e o lucro do período.
Quanto aos preços, de acordo com a Vale, na média foi de US$ 166,9 por tonelada nos primeiros três meses deste ano, ou seja, 25% superior ao quarto trimestre de 2020.
O vigor desses resultados contrastam com o a andamento das reparações que a Vale tem que fazer perante as tragédias ambientais de Mariana e Brumadinho, assim como as tragédias humanas, especialmente no segundo desastre, com 270 mortes e 11 pessoas desaparecidas sob os 12 milhões de metros cúbicos de rejeitos despejados com o rompimento da barragem da Mina de Córrego do Feijão.
É também vergonhoso que há mais de dois anos da catástrofe em Brumadinho ninguém foi julgado e muito menos preso. Dezesseis pessoas, de engenheiros a dirigentes da Vale e da consultoria Tuv Sud, respondem por homicídio doloso duplamente qualificado. Todos eles e as duas empresas também respondem por crimes ambientais.