Vacina AstraZeneca/Oxford tem mais baixa imunização contra Covid: 70%
A AstraZeneca, que desenvolve uma vacina contra a Covid-19 junto com a Universidade britânica de Oxford, anunciou um índice de eficácia para seu imunizante de 70% em média, que é bem inferior à eficácia já revelada por outras candidatas a vacina. Como a chinesa CoronaVac (97%), a russa Sputnik V (92%), a americano-alemã Pfizer/BioNtech (90%) e a americana Moderna (95%).
A vacina AstraZeneca/Oxford – pela qual o presidente Bolsonaro tem expressado preferência – será produzida no Brasil em conjunto com a FioCruz. A CoronaVac também será produzida no país, no Instituto Butantan, em convênio com a chinesa Sinovac.
Ainda segundo a farmacêutica britânica, esse índice de 70% foi obtido como uma média, a partir dos testes na Grã Bretanha, que deram 90% de resultado, e dos testes no Brasil, em que ficaram imunizados 62%.
Surpreendentemente, o melhor resultado foi obtido com a inoculação de meia dose, seguida de uma dose completa um mês depois em 2.741 voluntários no Reino Unido.
Para 8.895 pessoas submetidas ao teste no Brasil, recebendo duas doses completas com diferença de um mês, o resultado foi de 62%. Ao todo, 11.636 voluntários participaram dessa fase do teste da vacina Oxford/AstraZeneca.
Conforme a declaração desta segunda-feira: “Um regime de dosagem (n=2.741) mostrou uma eficácia vacinal de 90% quando o AZD1222 foi administrado em meia dose, seguido de uma dose completa com pelo menos um mês de intervalo. O regime n=8.895 mostrou uma eficácia de 62 por cento quando administrado como duas doses completas com pelo menos um mês de intervalo. A análise combinada dos dois regimes de dose (n=11.636) resultou numa eficácia média de 70%”.
Como reflexo, nas bolsas as ações da AstraZeneca caíram 3,8% na segunda-feira.
O anúncio da eficácia da vacina Sputnik V foi feito pelo Centro Nacional de Pesquisa em Epidemiologia e Microbiologia Gamaleya da Rússia, em 11 de novembro. Uma semana depois, a prestigiada revista científica Lancet publicou que a eficácia da CoronaVac chinesa é 97%. Em seguida, ocorreram os anúncios da Pfizer-BioNtech e da Moderna.
O chefe de pesquisa e desenvolvimento não oncológico da gigante britânica, Mene Pagalos, esclareceu à Reuters que a aplicação de meia dose foi uma “casualidade”. Ao ser percebido que os efeitos colaterais previstos estavam sendo mais leves do que o esperado, chegou-se à conclusão de que os pesquisadores de Oxford haviam calculado a dose da vacina pela metade.
A farmacêutica resolveu, então, continuar com a meia dose e administrar a dose completa de reforço um mês depois.
Na média, a eficácia da vacina da AstraZeneca/Oxford ficou em 70,4%, considerando tanto os 90% obtidos no grupo da meia dose quanto os 62% obtidos no grupo que tomou as duas doses completas.
Foram registrados 131 casos da doença entre os voluntários: 101 entre os que receberam o placebo (substância inativa) e 30 entre os que receberam a vacina. Não houve nenhum caso grave da doença entre os que tomaram a vacina. Andrew Pollard, chefe da pesquisa da vacina, se disse otimista de que a resposta imune gerada pela vacina dure “pelo menos um ano”.
No quesito de infraestrutura mais barata para transporte e preservação, a AstraZeneca empata com as vacinas CoronaVac e Sputnik V, que só precisam ser mantidas em geladeira, a temperaturas entre 2º C e 8º C – enquanto a da Pfizer precisa ser mantida a -70º C (mais frio que na Antártica) e a Moderna, a -20º C. O que implicará, evidentemente, em um custo muito maior e que na prática só estejam disponíveis nos países ricos.