Uruguaios ocupam as ruas de Montividéu em defesa da Constituição
Milhares de pessoas se manifestaram em Montevidéu, capital do Uruguai, na terça-feira, 22, contra uma proposta anticonstitucional que, a pretexto de garantir “segurança” e “reprimir a delinquência”, rompe com a inviolabilidade de domicílio, autorizando, inclusive, a execução de revistas noturnas em casas de família.
O absurdo que seus apoiadores chamam de “reforma constitucional”, com o enganoso nome de “Viver sem medo”, é de autoria do senador do Partido Nacional, Jorge Larrañaga. O dispositivo também permite a aplicação de prisão perpétua para pequenos delitos.
Pelo menos 80 organizações reunidas na Articulação Nacional ‘Não à reforma’ marcharam contra a proposta que será plebiscitada junto com as eleições presidenciais de 27 de outubro próximo.
Meses atrás em Cadeia Nacional de rádio e televisão, Larrañaga defendeu sua brutalidade argumentando sua ‘notável eficácia em países da Europa e no Chile’.
Os organizadores de “Não à reforma”, em documento difundido em redes sociais, chamam todos a prestarem atenção ao que acontece nestes dias no Chile para que a situação não se repita no Uruguai.
Mães e Familiares de desaparecidos se posicionaram em comunicado contra Larrañaga, advertindo contra o perigo de “revogar direitos cidadãos’.
Em 27 de outubro, os uruguaios devem eleger seu novo presidente e membros do parlamento. No caso da eleição presidencial, a disputa se mostra imprevisível, já que nenhum dos candidatos deve conseguir mais de 50% dos votos, e o país pode ter que esperar para decidir o novo mandatário em segundo turno apenas no dia 24 de novembro.
No primeiro turno, o candidato da Frente Ampla, Daniel Martínez, vence em todas as pesquisas (38%), mas o líder do Partido Nacional, Luis Lacalle Pou, o segue de perto (entre 4 e 7 pontos menos), o candidato do Partido Colorado, Ernesto Talvi, tem cerca de 16% e de extrema-direita Manini Ríos tem 12%.