Martín Pereira, presidente da Federação de Funcionários da Saúde Pública, fala no ato em Montevidéu

Os trabalhadores da Saúde do Uruguai entraram em greve nacional por 24 horas na quarta-feira (29). A paralisação foi acompanhada de uma concentração na capital, Montevidéu. Os trabalhadores da Saúde exigem reajuste salarial, melhoria das condições de trabalho e regularização de incentivos para o serviço, que foi decisivo no momento da Covid-19.

O presidente da Federação dos Funcionários de Saúde Pública (FSSP), Martín Pereira, declarou que o órgão sindical tem debatido a situação com os deputados e não houve modificações no projeto orçamentário, que deixou de incluir uma dotação de recursos para que a Administração dos Serviços de Saúde do Estado (ASSE) possa continuar a funcionar.

O também secretário-geral da Confederação Latino-americana e Caribenha de Trabalhadores do Estado, CLATE, e presidente da Confederação de Organizações de Funcionários do Estado (COFE) do Uruguai, afirmou que seu país vive “uma situação muito complexa, com um governo anti-nacional e um plano de ajuste, em que a variável de ajuste são os trabalhadores”.

O movimento reivindica ainda que o trabalho dos agentes de saúde seja decretado insalubre, uma pensão especial para os familiares dos trabalhadores da saúde mortos pela Covid-19, cinco dias de licença extraordinária para todos os trabalhadores do setor.

Pereira disse que há incerteza quanto ao futuro de cerca de 4.000 profissionais contratados que dependem do Fundo Covid-19 e que são, no entanto, aqueles que permitem que a ASSE possa prestar um melhor atendimento.

A FSSP denuncia que houve uma perda salarial de 11% durante o Governo de Luis Lacalle Pou, que o número de usuários do sistema de saúde tem crescido sem um aumento orçamentário correspondente e que não há aumento de itens necessários para o tratamento de outros problemas de saúde, deixando tudo parado.

O presidente da Federação assinalou que durante o dia da greve o setor de Urgências e Emergências, a área de internação e os postos de vacinação permaneceram em funcionamento. “Em nenhuma das greves que fizemos a vacinação foi interrompida, isso ainda está de pé. Pode demorar mais, mas não paramos de vacinar em nenhum momento”, afirmou Pereira.

Por conta do esforço dos profissionais de Saúde que, mesmo com essa situação de trabalho de precariedade e arrocho, não pararam nenhum minuto, as infecções por Covid-19 estão caindo no Uruguai, com 107 novas infecções relatadas em média a cada dia. Isso é 3% do pico — a maior média diária relatada em 9 de abril.