Bas-relief in Persepolis ,the ceremonial capital of the Achaemenid Empire founded by Darius the Great (522-486 B.C ) Persian king of the Achaemenid dynasty. Relief of Apadana place, destroyed by Alexander.

A Unesco – a organização da ONU para a cultura – rechaçou a ameaça do presidente Donald Trump de bombardear o patrimônio histórico iraniano assinalando que tal ato é expressamente proibido pelos tratados de 1954 e 1972 de proteção dos sítios culturais.
A declaração foi feita pela diretora-geral da Unesco, Audrey Azolay, em reunião com o embaixador iraniano Ahmad Jalali, na segunda-feira (6) em Genebra. Berço de civilizações, o Irã tem uma história milenar.
Por esses tratados, como salientou Azolay (ex-ministra da Cultura da França), os países signatários “se comprometem a não tomar medidas deliberadas que possam por em risco o patrimônio cultural e natural no território de outro Estado que forme parte das ditas convenções” em caso de conflitos. EUA e Irã são signatários, registrou.
Declaração que evidencia que aquilo que Trump ameaça cometer é crime de guerra – o que foi admitido até mesmo por jornais dos EUA, como o Washington Post.
São 24 os locais do Irã considerados protegidos pela Unesco, inclusive a antiga capital aquemênida de Persépolis, fundada em 518 AC, e marcos da era islâmica, como a grande mesquita de Isfahan
Azolay enfatizou “a universalidade do patrimônio cultural e natural como vetores de paz e diálogo entre os povos, que a comunidade internacional tem o dever de proteger e preservar para as gerações futuras”.
A ameaça de Trump foi feita no sábado, depois de ter assassinado em atentado o principal líder militar iraniano, Qassen Suleimani, e após declaração de Teerã que o crime não ficaria impune.
Segundo o doentio presidente dos EUA, se alvos norte-americanos fossem atingidos os EUA iriam “atacar 52 locais iranianos”, alguns em “um nível muito alto de importância para o Irã e a cultura iraniana”. A escolha de 52 alvos seria em referência à crise dos reféns da Embaixada, durante a revolução de 1979.
No domingo, Trump repetiu a ameaça, sob a mentirosa alegação de que “[os iranianos] eles podem matar nossa gente, eles podem torturar e mutilar nossa gente, eles podem usar bombas na estrada e explodir nossa gente, e nós não temos permissão para tocar em seus locais culturais? – não é assim que funciona”, asseverou explicitando a lógica de um psicopata.
Ao contrário do que insinuou Trump, o Irã não matou “nossa gente” – nem em território norte-americano nem no Iraque, o que foi feito pela resistência iraquiana à invasão dos EUA.
Até mesmo um dos seus mais servis aliados, o governo de Boris Johnson, se recusou em endossar a declaração de Trump de que irá cometer crime contra a humanidade bombardeando sítios históricos iranianos, conforme declaração do chanceler britânico Dominic Raab.