Na última segunda-feira (1º), o Congresso Nacional, o Senado Federal e a Câmara dos Deputados realizaram as eleições para os presidentes da Casa. E como previsto, nas duas casas, venceram as eleições as candidaturas apoiadas pelo Palácio do Planalto.

Por Vanessa Grazziotin*

Não foram vitórias espontâneas, tampouco vitórias baseadas no convencimento político. Foram vitórias que tiveram um alto custo, tanto financeiro como do ponto de vista da distribuição do poder. Segundo os meios de comunicação, Bolsonaro prometeu a liberação de mais de R$ 3 bilhões em emendas para os parlamentares. Da mesma forma em que prometeu aos partidos políticos uma participação mais incisiva na participação do governo federal, não apenas em cargos federais nos estados, mas, inclusive, com indicações de ministros da República.

Ou seja: o tempo tem revelado quem de fato é Bolsonaro. Nós sempre soubemos disso. Bolsonaro sempre fez parte do centrão. Bolsonaro era muito mais que um fisiológico dentro do Congresso Nacional e da Câmara dos Deputados.

Bolsonaro era alguém que, segundo diversas denúncias publicadas na imprensa, ele e também sua família, se aproveitavam do mandato parlamentar para desviar recursos públicos e aumentar sua riqueza pessoal.

Apesar disso, Bolsonaro foi eleito com a característica da antipolítica. Como alguém que fosse enfrentar todo esse processo de corrupção estabelecido. Mas sabíamos que não era nada disso.

E agora Bolsonaro, não apenas para garantir seu mandato de presidente da República, mas já pensando em 2022, usa, da pior forma, a máquina pública para manter seu poder.

Um poder que tem sido destrutivo da nossa nação e da nossa gente. O projeto político de Bolsonaro é tão nocivo ao Brasil quanto é nocivo às pessoas.

Não bastasse uma crise econômica que se aprofunda, na última terça-feira (2), o IBGE divulgou os dados de desenvolvimento da indústria e mostrou uma queda no segundo ano consecutivo, ou seja, desde a posse de Bolsonaro a indústria brasileira vem diminuindo sua produção.

Foi uma queda de 1,1% em 2019 contra 4,5% em 2020. Isso é uma sinalização do quão profunda é a crise econômica pela qual passa nosso país, com a desindustrialização, com o crescimento do desemprego, com o avanço da precarização nas relações de trabalho.

Além disso, enfrentamos uma crise sanitária que aumenta a cada dia por irresponsabilidade do governo federal. Que, primeiro, não adotou as medidas de proteção à população. Pelo contrário, o tempo todo jogando contra elas.

E, agora, dificultando da forma como pode, de todas as formas, o acesso do Brasil à vacina, que é tão importante para o controle do coronavírus.

Penso que esses fatores, mas sobretudo o resultado das eleições nas Casas Legislativas do Brasil, apontam para a necessidade de buscarmos a construção de uma frente contra Bolsonaro.

Uma frente que garanta, não apenas a democracia, mas a vida e coloque o Brasil em outro caminho. O caminho do diálogo, o caminho da busca de um projeto de reconstrução nacional.

A oposição à esquerda, sozinha, não reúne condições para derrotar Bolsonaro. Precisamos ter a capacidade de ampliar as forças de oposição a Bolsonaro e darmos uma luz de esperança à população, ao futuro do nosso país.

 

*Vanessa Grazziotin, ex-senadora (AM), é membro do Comitê Central e secretária da Mulher do PCdoB

 

 

(PL)