UJS anuncia 21º Congresso e mobilização contra Bolsonaro
A União da Juventude Socialista (UJS) anunciou, nesta segunda-feira (31), a convocação de seu 21º Congresso Nacional, que deverá acontecer nos dias 14 a 17 de julho. Também foi publicado o documento “Mobilizar a juventude para derrotar Bolsonaro e construir um novo futuro: rumo ao 21° Congresso da União da Juventude Socialista”, com as linhas gerais dos debates que nortearão o evento.
“Acabamos de convocar o 21° Congresso Nacional da UJS para os dias 14 a 17 de julho. No processo de mobilização, organizaremos Comitês Fora Bolsonaro em universidades e escolas de todo o Brasil, além de uma jornada de lutas em março”, declarou Tiago Morbach, presidente nacional da entidade.
Após tratar do atual contexto nacional, do governo Bolsonaro e da pandemia, o documento afirma: “Acreditamos que é possível virar a página e construir um novo rumo para o Brasil com mais direitos, democracia, soberania e oportunidades”.
O que nos orienta, assinala a tese, “é a ousadia para lutar pelo socialismo com a nossa cara, através da defesa de um projeto de país que desenvolva suas forças produtivas para melhorar as condições de vida da maior parte da população”.
E acrescentou que nesse projeto, “o povo estará no poder e o trabalho será valorizado. O avanço da tecnologia será utilizado a favor da dignidade de todos e não apenas da elite. As desigualdades de classe, gênero e raça serão combatidas. A miséria e a realidade da violência cotidiana não serão mais toleradas. Esses objetivos passam hoje pela derrota de Bolsonaro nas urnas e nas ruas”.
Confira a íntegra do documento:
Mobilizar a juventude para derrotar Bolsonaro e construir um novo futuro: rumo ao 21° Congresso da União da Juventude Socialista
Vivemos um ano decisivo para o futuro do Brasil. Estamos em uma encruzilhada histórica e a juventude pode desempenhar um papel fundamental nesse momento: derrotar o ciclo político de retrocessos sociais, econômicos e democráticos representados por Bolsonaro e seu programa anti-povo.
No Brasil de Bolsonaro, os brasileiros e brasileiras agonizam. As instituições e a democracia são atacadas diariamente. A fome e a pobreza voltaram a ser um retrato corriqueiro da realidade. Inflação e desemprego chegam a números recordes. Tornou-se comum vermos filas para compra de ossos ou famílias inteiras revirando lixões em busca de alimento. Só na cidade de São Paulo mais de 35 mil pessoas estão em situação de rua, número equivalente à população de cerca de 80% dos municípios brasileiros. A liquidação da dignidade humana é a face mais nefasta do programa neoliberal implementado à força em nosso país desde o golpe de 2016 e aprofundado no curso desse governo.
Não há perspectivas para a juventude dentro desse projeto. O desemprego atinge cerca de 12 milhões de jovens, mais que o dobro da média nacional, quando muito nos sobram os postos de trabalho precarizados, com jornadas exaustivas, salários pífios e sem quaisquer vínculos e direitos trabalhistas. O sonho de um futuro transformado pela educação está cada vez mais distante da nossa realidade, hoje a evasão nas universidades atinge mais de 3,5 milhões de estudantes. Esse número é ainda mais alarmante na educação básica, o Enem de 2021 com menor inscrições da história é consequência dessa falta de perspectiva. O assassinato cruel de crianças a caminho das escolas é prova cabal de que a guerra às drogas e esse modelo de “política de segurança” não protegem ninguém, pelo contrário, impõem o genocídio como destino para a juventude negra, pobre e periférica.
A pandemia de COVID intensificou a crise e a desigualdade. São mais de 600 mil vidas perdidas pela ação e omissão do governo genocida de Bolsonaro. As medidas sanitárias e a vacinação são sabotadas, enquanto tratamentos sem eficácia comprovada são estimulados. Teorias da conspiração e mentiras são espalhadas sobre a doença. Mas, contrariando os negacionistas, o povo brasileiro está se vacinando e o SUS demonstra mais uma vez a sua importância. A vacinação tem sido eficaz para reduzir as internações e os óbitos por COVID, comprovando a nossa acertada defesa da ciência.
Durante esse ciclo de derrotas estratégicas, não nos retiramos das lutas. Construímos nas ruas as primeiras e as maiores mobilizações de enfrentamento a esse governo, os Tsunamis da educação. Realizamos ações de solidariedade durante toda a pandemia. Atuamos na linha de frente contra o vírus. Gritamos por vida, pão, vacina e educação. Contribuímos decisivamente para os maiores índices de desaprovação de um governo recém eleito.
Mesmo na defensiva, fomos capazes de arrancar vitórias. Conquistamos o auxílio emergencial no Congresso contra a vontade de Paulo Guedes e de Bolsonaro. Adiamos o Enem no auge dos casos da covid-19. Aprovamos o novo e permanente FUNDEB e internet para 18 milhões de estudantes de escola pública. Mais recentemente, após muita luta, tornamos realidade o perdão das dívidas do FIES.
Acreditamos que é possível virar a página e construir um novo rumo para o Brasil com mais direitos, democracia, soberania e oportunidades. O que nos orienta é a ousadia para lutar pelo socialismo com a nossa cara, através da defesa de um projeto de país que desenvolva suas forças produtivas para melhorar as condições de vida da maior parte da população. Nele, o povo estará no poder e o trabalho será valorizado. O avanço da tecnologia será utilizado a favor da dignidade de todos e não apenas da elite. As desigualdades de classe, gênero e raça serão combatidas. A miséria e a realidade da violência cotidiana não serão mais toleradas. Esses objetivos passam hoje pela derrota de Bolsonaro nas urnas e nas ruas.
Em um mundo onde o Imperialismo estadunidense encontra-se ameaçado pela emergência de novos pólos de poder como a China, é possível sim vislumbrar a estruturação de projetos nacionais que desafiam a hegemonia neoliberal. A resiliência do povo Cubano e Venezuelano contra as tentativas de golpe e de estrangulamento imperialista de suas economias, demonstram que a soberania depende de mobilização popular permanente. A recente vitória eleitoral no Chile, precedida por mobilizações protagonizadas pela juventude, nos inspira e aponta um caminho.
É preciso conjugar a revolta e a esperança crescentes no seio do povo para combater Bolsonaro e o bolsonarismo. Não será trabalho de poucos pôr um fim neste ciclo político e, por isso, seguimos defendendo a necessidade tática de juntar diferentes setores da sociedade para enfrentar uma força que, mesmo com grande desaprovação, ainda carrega consigo o poder da caneta, das fakenews, do orçamento paralelo, do fundamentalismo e de setores das forças armadas e das milícias. Com união, é possível vencer!
Hoje Lula é a liderança popular capaz de canalizar a esperança do nosso povo para virar essa dura página da nossa história. Na frente das pesquisas de intenção de votos se apresenta como a alternativa real para impor a derrota de Bolsonaro nas urnas. É nesse cenário que a juventude e as forças da esquerda precisam ampliar sua capacidade de mobilização para construir o projeto mais avançado que atenda aos interesses da maioria do povo e assegure que o rito democrático não seja ameaçado pelos intentos golpistas de Bolsonaro e sua corja.
Para nós, voltar ao passado não basta, é preciso avançar. Com mobilização popular, vamos pautar um Novo Projeto Nacional de Desenvolvimento que traga em seu centro um plano de reindustrialização sustentável, a valorização da educação e da ciência como setores estratégicos e a criação de postos de trabalhos dignos, com a garantia dos direitos e aumento real do salário mínimo. Isso só será possível com a revogação do teto de gastos, do ajuste fiscal e das reformas neoliberais que tanto nos flagelam e com um projeto de re-nacionalização de empresas estratégicas, como é o caso da Vale.
Nossa luta tem várias faces. Somos herdeiros dos jovens abolicionistas, da juventude do Araguaia, dos caras pintadas, dos que resistiram ao neoliberalismo de FHC, dos que construíram os maiores avanços durante o ciclo de governos progressistas. Somos os socialistas – inimigos número um do bolsonarismo. É com esse ímpeto revolucionário que vamos construir as próximas batalhas e acumular forças para liderar a juventude na luta do nosso tempo.
Dessa forma, a Direção Nacional da União da Juventude Socialista convoca o calendário de lutas do próximo período: a construção de comitês pelo Fora Bolsonaro nas escolas, universidades, locais de moradia e trabalho, a realização da campanha “Tire o título e tire Bolsonaro”, uma grande jornada de lutas da juventude no mês de março e a mobilização nacional rumo o 21° Congresso da União da Juventude Socialista entre os dias 14 a 17 de julho. Certos de que não há abismo em que caiba o Brasil, escreveremos as páginas do futuro com ousadia para lutar e convictos de que o novo amanhã virá pelas nossas mãos.
São Paulo, 31 de Janeiro de 2022
Por Priscila Lobregatte