Presidente Zelensky dificultou passagem do gás russo pela Ucrânia

Viktor Medvedchuk, presidente do Conselho Político da Plataforma – Pela Vida, o maior partido de oposição da Ucrânia, denunciou o governo de Zelensky por criar obstáculos a acordos com a Rússia para a passagem do gás russo pelos gasodutos do país.

Agora, que a Europa vive crise de preços elevados do gás e às vésperas da inauguração da passagem do gás russo pelo gasoduto NordStream 2, Zelensky afirma pretender mudar de política e oferecer o sistema ucraniano para elevar a passagem de gás vindo da Rússia.

O opositor Medvedchuk, atualmente em prisão domiciliar, afirmou que no contexto da crise de gás que vive a Europa, a decisão do presidente do país, Volodymyr Zelensky, de oferecer à Rússia uma capacidade extra de trânsito do gás com uma taxa com desconto é a escolha correta, mas condenou Kiev pela demora excessiva em fazer a oferta.

Como o gasoduto Nord Stream 2 – projeto conjunto da empresa russa Gazprom com mais cinco parceiros europeus -, já está completo, a proposta de Zelensky está muito atrasada, acrescenta Medvedchuk.

“Hoje, a Rússia parece estar interessada em lançar o NordStream 2 e não em aumentar a quantidade de bombeamento de gás através do sistema de transporte da Ucrânia”, disse o líder da oposição. “Mas devemos chegar a um acordo e devemos fazer uma oferta. Devemos buscar oportunidades comuns para o desenvolvimento das relações comerciais e econômicas”, assinalou.

Com capacidade de 55 bilhões de metros cúbicos de gás por ano, o gasoduto NordStream 2 percorre 1.230 quilômetros sob o Mar Báltico, passando através das águas territoriais ou zonas econômicas exclusivas da Dinamarca, Finlândia, Alemanha, Rússia e Suécia, ou seja, seguindo o mesmo trajeto de seu irmão gêmeo NordStream 1, ativo desde 2012.

O gasoduto tem consequências para a Ucrânia, pois pode privar o país de pelo menos US$ 1,5 bilhão por ano que o país recebe atualmente pelo trânsito do gás russo por seu território para a Europa.

Em uma entrevista postada no site de seu partido, Medvedchuk concordou que a oferta tardia de Zelensky de aumentar a quantidade de gás que corre pelos canos do país é a coisa certa a se fazer. A oferta do presidente foi estendida não apenas à Rússia, mas a todos os países que desejem usar a infraestrutura da Ucrânia.

Desde novembro de 2015, Kiev não compra gás russo diretamente e o substitui pelo que é conhecido como fluxos reversos virtuais da Europa. O gás não atravessa fisicamente a fronteira ocidental da Ucrânia, mas é formalizado como importado da Europa.

Mas, mostrando que a intenção da Rússia não é prejudicar a Ucrânia, em dezembro de 2019, Moscou e Kiev negociaram o trânsito de gás russo de 2020 a 2024 com a opção de renovação do acordo por mais uma década, independentemente da nova situação criada pelo Nord Stream 2 que torna desnecessária a passagem por território ucraniano, como acontece hoje.

Em relação à crise de energia na Europa, o presidente da Rússia, Vladimir Putin, disse que é conseqüência da falta de previsão ao acumular reservas, mas ofereceu ajuda ao afirmar que seu país está disposto a aumentar os envios ao continente europeu se for solicitado. “Estamos prontos para tomar quaisquer medidas adicionais”, disse o chefe do Kremlin em seu discurso na sessão plenária do fórum Semana da Energia da Rússia.

Putin declarou que o aumento dos preços do gás natural na Europa se deve ao déficit de eletricidade causado pela queda na produção de energia eólica, e não o contrário, e que muitos países não reabasteceram a tempo os seus estoques de gás.

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