Central nuclear Zaporizhia sem danos e sem vazamento de radiação

A Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA) afirmou que não há qualquer vazamento de radiação ou dano na central nuclear de Zaporizhhia, na cidade de Enerhodar, no sudeste da Ucrânia, após incêndio ali ocorrido na noite de quinta-feira, em uma dependência externa à usina.

A AIEA garantiu que não foi detectada uma subida da radiação na maior central nuclear da Europa, ao contrário do que um funcionário do governo ucraniano dissera à Associated Press.

Segundo o Serviço Estatal de Emergências da Ucrânia, o incêndio atingiu um prédio “fora da central nuclear” usado para treinamento e um laboratório anexo.

Também o regulador nuclear estatal da Ucrânia garantiu que os seis reatores de Zaporizhzhia não foram afetados e acrescentou que uma das unidades da central nuclear chegou a ser desligada como prevenção.

“Engolida pelo incêndio”, mente prefeito

O prefeito da cidade vizinha de Energodar havia relatado originalmente que o incêndio havia sido causado “por bombardeios russos” e que o incêndio havia “engolido a própria usina”, mas os serviços de emergência descartaram a mentira.

A central de Zaporizhzhia está sob controle das tropas russas desde segunda-feira (28), o que torna inverossímil a alegação do regime de Kiev de que a “Rússia bombardeou a usina nuclear” [que já controlava] na quinta-feira.

Em suma, que os russos teriam bombardeado a si mesmos. Todo esse tempo, assim como já aconteceu com o complexo de Chernobyl, a operação propriamente dita da usina nuclear continuou sob execução dos órgãos ucranianos.

“Provocação”

O ministério da Defesa russo classificou os acontecimentos na quinta-feira “uma provocação” executada por sabotadores ucranianos, o que “demonstra a intenção criminosa” de Kiev ou “a perda total do controle do presidente Zelensky sobre as ações de grupos de sabotagem ucranianos com mercenários estrangeiros”.

“Ontem à noite, uma tentativa monstruosa de provocação foi feita pelo regime de Kiev na área ao redor da estação”, disse o porta-voz, major-general Igor Konashenkov, que assinalou que as tropas russas que patrulhavam o território haviam sido atacadas por um grupo de sabotagem ucraniano por volta de 2h da madrugada, horário local.

Os ucranianos abriram fogo pesado do centro de treinamento para “provocar um ataque de retaliação ao prédio”.

A patrulha russa neutralizou os postos de tiro do grupo, mas os sabotadores atearam fogo ao centro de treinamento enquanto recuavam, acrescentou. As chamas foram apagadas pelos bombeiros do Serviço de Emergência do Estado da Ucrânia.

“O fim”, encena zelensky

Prontamente, o próprio Zelensky foi às redes sociais alegar que temia uma explosão que seria “o fim para todos. O fim para a Europa. A evacuação da Europa.”

Curiosamente, a provocação dos extremistas ucranianos contra a maior central nuclear da Europa coincidiu com uma deliberação do Conselho de Governadores da AIEA “condenando a invasão”, obtida sob pressão de Washington para mostrar “o isolamento russo”.

Depois de no mínimo tentar tirar proveito do incêndio, ameaçando a Ucrânia e a humanidade com um ‘Chernobyl 2.0’, Zelensky negou as alegações de provocação e acusou as tropas russas de terem “encenado o ataque”.

Nos debates na AIEA, o embaixador russo Mikhail Ulyanov considerou a resolução adotada “pouco profissional, fora do mandato da agência e factualmente imprecisa sobre segurança nuclear… e salvaguardas na Ucrânia. Este é um passo para a politização do trabalho da AIEA”.

Analistas também apontaram a seletividade da atenção da AIEA: não reagiu quando Zelensky ameaçou criar armas nucleares na Ucrânia em seu discurso em Munique há duas semanas.

“Desnazificação”

A operação de “desnazificação” e “desmilitarização” da Ucrânia, decretada pelo presidente russo Vladimir Putin atendendo ao pedido de assistência das recém-reconhecidas repúblicas do Donbass, já entrou pelo nono dia, com o cerco se fechando sobre o principal foco de nazistas, do Batalhão Azov, no porto de Mariupol, e sobre as colunas ucranianas que durante oito anos se dedicaram a perseguir a população de fala russa.

A Rússia exige, ainda, a manutenção do status de neutralidade da Ucrânia – ou seja, nada de OTAN -, assim como a proibição de instalação de armas nucleares e outros sistemas de ataque no país. Na quinta-feira, a segunda rodada de negociações foi realizada na vizinha Bielorrússia, acordando a criação de corredores humanitários para evacuação de civis.