UBM e CMB aprovam diretoria que irá conduzir unificação
Concretizou-se neste sábado (14) a formação da diretoria que conduzirá o processo de unificação entre a União Brasileira de Mulheres (UBM) e a Confederação de Mulheres do Brasil (CMB), em clima de união, alegria, força e arte, durante congresso realizado de maneira virtual com o lema “Unidade pela vida das mulheres e pelo Brasil”.
Leia também: Entidades feministas, UBM e CMB se unificarão em congresso sábado, 14
“A unificação é uma necessidade do momento político que vivemos hoje no Brasil. Num estado opressor e violador de direitos temos que nos reinventar na luta e fortalecer nossas ações buscando a unidade e amplitude necessária para o enfrentamento. Nós mulheres alcançamos os piores índices, seja de violência, desemprego, salário desigual e tantas outras mazelas sociais pelo simples fato de sermos mulheres. E o abalo na democracia brasileira provocada por esse atual governo nos desafia a unir as forças porque não existem direitos sem plena democracia”, declarou Vanja Santos, que estará à frente do processo de unificação como presidenta.
Vanja afirma que “a unificação iniciada hoje é um processo amadurecido por inúmeros debates e ajustes, para que possamos intensificar nossa participação junto às mulheres e fazer da nossa pauta feminista, emancipacionista e popular uma bandeira presente, atuante e constante até que alcancemos um mundo de igualdade e sem opressão”.
Segundo ela, tratou-se de um congresso intenso, alegre e de muita unidade, tanto da UBM quanto da CMB, no qual foi aprovada uma nominata com 24 membros da direção que estará à frente ao longo de um ano do processo de unificação que culminará em um grande congresso, no ano de 2023.
Para organizar a unificação, serão estabelecidas comissões de trabalho. “A ideia é chegarmos aos 35 anos entrelaçadas e com uma direção ampla, forte e já com um estatuto modificado no sentido da unificação das entidades. O Congresso, que contou com cerca de 160 pessoas, representantes e militantes das duas entidades, foi muito rico, caloroso, tendo partes artísticas, com poesia e música”, acrescentou.
Para Angela Albino, que integra a diretoria e coordenou o processo até agora, o congresso foi vitorioso, com ampla participação e unidade nas decisões políticas e de nomes para a direção unificada das entidades. “Esta direção unificada terá o importante papel de orientar as lutas das mulheres para derrotar Bolsonaro em 2022 e construir o Congresso de 2023 para aprovar o novo estatuto da entidade”, declarou.
Na abertura do congresso, Angela recebeu homenagem de Glaucia Morelli, que assume a vice-presidência: “Este é um dia muito esperado. Foi construído durante dois anos por muitas mãos maravilhosas e eu quero agradecer um par de mãos, com muito carinho e muito amor, que é a querida diretora da UBM, Angela Albino. Se não fosse essa mão afetuosa, segura, timoneira, hoje seria muito difícil a gente estar aqui. Mas todas conseguimos, com todas essas mãos de coragem, de firmeza, de audácia, que colocaram muita esperança no coração de muita gente. Estamos aqui para emancipar as mulheres e emancipar o Brasil. Nós não queremos pouco, não. Nós queremos as mulheres soberanas e o Brasil soberano”, afirmou Glaucia.
Em entrevista, Gláucia disse que a unificação é uma necessidade do momento político que vivemos hoje no Brasil. “Em um estado opressor e violador de direitos temos que nos reinventar na luta e fortalecer nossas ações buscando a unidade e amplitude necessária para o enfrentamento. Nós, mulheres, alcançamos os piores índices, seja de violência, desemprego, salário desigual e tantas outras mazelas sociais pelo simples fato de sermos mulheres. E o abalo na democracia brasileira provocada por esse atual governo nos desafia a unir as forças porque não existem direitos sem plena democracia. A unificação iniciada hoje é um processo amadurecido por inúmeros debates e ajustes para que possamos intensificar nossa participação junto às mulheres e fazer da nossa pauta feminista emancipacionista e popular uma bandeira presente, atuante e constante até que alcancemos um mundo de igualdade e sem opressão”, declarou.
Presidenta nacional, Luciana Santos diz que unidade ajuda a enfrentar o fascismo
Durante a abertura do congresso, a unidade e a diretoria formada foram saudadas por lideranças do PCdoB. A presidenta do partido e vice-governadora de Pernambuco, Luciana Santos, comparou o momento ao vivido, recentemente, no movimento sindicalista. “Eu fico feliz com esse congraçamento que considero, Gláucia, Vanja, a exemplo do que nós fizemos com as centrais sindicais, quando nós unificamos as nossas centrais. Isso significa que é uma grande consequência desse grande fato político que aconteceu ainda em 2019, quando o PCdoB se une ao PPL na condução do nosso saudoso Sérgio Rubens, e que com isso teve um feito extraordinário que é agregar um valor na luta política brasileira. Num momento em que nós precisamos enfrentar o fascismo, um retrocesso inimaginável no Brasil, não poderia ter algo tão bem-vindo como foi esse processo em que nós estamos hoje, todos na mesma corrente revolucionária, da mesma matriz que todos nós surgimos, que foi em 1922, quando foi fundado o Partido Comunista do Brasil, que agora nós completamos 100 anos, que nós festejamos”, relembrou.
Leia também: Por uma central sindical “mais forte”, CGTB aprova fusão com a CTB
Luciana mencionou a importância de mulheres que estiveram na liderança em momentos de resistência e avanços no país, como Maria Firmino, Maria Felipa, Maria Quitéria. “Agora somos nós que estamos escrevendo nossos nomes na história brasileira. Desde o impeachment da presidenta Dilma em particular enfrentamos um momento duro da conjuntura do nosso país. Primeiro, durante o governo Temer, um governo de feições machistas, viés neoliberal. Foi o impeachment fortemente fundado em misoginia e luta de classes. Depois com o governo Bolsonaro, claramente misógino e retrógrado nos costumes, que adotou uma política econômica que gera desemprego, inflação e impõe duras consequências ao nosso povo”, lamentou.
A presidenta do PCdoB apontou ainda que, nesses momentos de crise e arrocho, quem primeiro sofre são as mulheres: “As primeiras penalizadas somos nós. O boletim do Dieese desse ano confirma o aumento do desemprego, da informalidade, do trabalho precário, da subutilização da mão de obra e a redução de rendimentos dos trabalhadores e trabalhadoras de uma maneira geral. As mulheres que, historicamente, ocupam posições mais vulneráveis no mercado de trabalho, foram duramente atingidas, ainda mais após o contexto de pandemia, onde tivemos ainda por cima que encarar o desastre que é lidar com um vírus mortal como o da Covid tendo um presidente como Bolsonaro, um infortúnio, uma infelicidade de coincidência para o nosso país. É nesse cenário que continuamos ganhando menos, somos maioria entre os desempregados, e entre os que perderam postos durante a pandemia e não conseguiram voltar ao mercado de trabalho. Entre os empregados somos maioria entre os subutilizados e os mal remunerados. E esses números se aprofundam quando fazemos um recorte racial. Então, tem sido um período duro, de dificuldades de encontrar espaço no mercado de trabalho, de enfrentar retrocesso no campo social, no campo ideológico, na área da saúde, direitos reprodutivos”.
Luciana também prestou seu reconhecimento às mulheres que estiveram à frente da pandemia, não somente nos hospitais como na ciência, citando a baiana Jaqueline Goes de Jesus, que mapeou o genoma do coronavirus, e Daniela Ferreira, cientista brasileira que está à frente do centro de testagem de vacina de Oxford. A presidenta do PCdoB também reverenciou a trajetória de mulheres perdidas para a pandemia, em nome de Lúcia Rocha e Mel Góes, “grandes mulheres na trincheira de luz”.
A presidenta do PCdoB chamou a atenção para o momento atual, decisivo na vida do país. “Nessas eleições precisamos estar atentas para travar o bom combate, ganhar corações e mentes para a construção desse país, que é um país bom de se viver”, afirmou, acrescentando que é preciso eleger mulheres comprometidas com as pautas do movimento: “Entre elas, as comunistas têm um destaque especial. São muitas mulheres, metade da bancada do nosso Congresso Nacional, mulheres destacadas, influentes e isso não é qualquer coisa”. Ela considera o congresso de unificação um passo importante neste sentido. “Quero encerrar a minha saudação parabenizando esse esforço, desejando que esse encontro seja vitorioso, já está sendo e vai ser muito mais no que ele vai trazer de significado, de simbolismo para a luta das mulheres, porque foi pautado pelo diálogo edificante e que possamos sair daqui com cada vez com mais gosto e gás, fortalecidas, energizadas, punhos erguidos camaradas e corações plenos para encararmos os desafios que se apresentam. A batalha é renhida, mas a esperança e o amor por nossa gente é o que nos move. Venceremos, minhas queridas camaradas. Avante. Viva a vida das mulheres, viva as mulheres do PCdoB, fora Bolsonaro!”, concluiu.
Vanessa Grazziotin diz que Congresso é histórico
Vanessa Grazziotin, secretária Nacional das Mulheres do PCdoB, que está licenciada para concorrer à Câmara Federal, avaliou que “esse congresso eu considero histórico, pelo papel que está construindo para o presente e para o futuro, porque lendo o manifesto das nossas entidades, UBM e CMB, nós vimos como elas são próximas e como nasceram com os mesmos objetivos no mesmo tempo, ambas em 1988, quando nós lutávamos ainda para redemocratizar o país e para ter, conquistar, direitos das mulheres. Foi um momento muito importante aquele na década de 1980 e agora também porque da mesma forma nesse ano de 2022 nós temos um grande desafio que é tirar esse governo das mãos desse genocida, desse misógino, desse homofóbico. E mais, tirar o governo desse que está destruindo o patrimônio brasileiro e destruindo o patrimônio não é só destruindo as nossas empresas, é destruindo o próprio povo brasileiro, que está batendo às portas da miséria a cada dia. Voltamos não só para o mapa da fome como aumentou significativamente o número de miseráveis”, afirmou, lembrando que, neste contexto, as mulheres são as que mais sofrem.
Vanessa saudou, em especial, à sucessora dela, Marcia Campos, e Angela Albino, pelo papel que vêm cumprindo na unificação dessas duas entidades muito fortes. “Eu quero apenas desejar a essas companheiras, vocês todas, Vanja, Gláucia que estarão à frente da construção dessa nova entidade, quero desejar a vocês muita lucidez, muita maturidade, muito compromisso e muita disposição para movimentar esse segmento muito sofrido da sociedade. Mas apesar do sofrimento um segmento que cada vez vai mostrando mais consciente. Aliás, são as mulheres que dizem na sua grande maioria na sociedade ‘Ele não’ e isso é importante. Nós temos que trabalhar no sentido de reforçar essa firmeza que as mulheres brasileiras estão apresentando. Então viva o nosso feminismo emancipacionista popular, viva esse processo democrático de 2022, viva o nosso posicionamento. Teremos o novo presidente, teremos a nossa esperança de volta. Mas precisamos trabalhar para que tenhamos cada vez mais mulheres na política”, disse.
Manuela D´´´ Ávila diz que unidade é fundamental para um novo projeto nacional de desenvolvimento
Em depoimento gravado em vídeo, Manuela D’Ávila também enviou a sua mensagem às congressistas. “Que alegria participar desse congresso que celebra a união, a unidade, entre a confederação das mulheres do brasil e a união brasileira de mulheres. Nós sabemos que vivemos tempos muito difíceis e quando os tempos são difíceis e os governo diminuem políticas públicas, diminuem o tamanho do estado, nesses tempos as mulheres vivem de maneira ainda mais precarizada. Se toda a classe trabalhadora sofre com a diminuição de políticas, são as mulheres aquelas que primeiro percebem a diminuição do estado, o sucateamento das políticas públicas e a inexistência de empregos que bem remuneram. É por isso que a nossa unidade é chave nesse momento, para que juntas nós lutemos por um novo projeto de desenvolvimento nacional. Que nós sejamos a voz firme, a ponta de lança como dizemos, para reafirmar que esse projeto só será justo se enfrentar as desigualdades estruturais do nosso país. E nós sabemos que a questão de gênero assim como a questão de raça no nosso país estrutura as desigualdades econômicas. É por isso que estarmos unidas é motivo de festa, é motivo de celebração, porque a unidade será a chave da nossa vitória, será a chave das conquistas que garantirão a emancipação das mulheres da classe trabalhadora do nosso país”, defendeu.
Unidade pela vida das mulheres e pelo Brasil
No Congresso, foi aprovado o manifesto “Unidade pela vida das mulheres e pelo Brasil!”, que defende a democracia e a soberania nacionais, exige basta de fome, carestia, desemprego e violência, além de fora Bolsonaro. “Diante do grave momento que o Brasil atravessa, nós mulheres, mães, trabalhadoras, estudantes, de todas as gerações, de todas as cores, credos e etnias, militantes de todos os estados do país reunidas em Congresso neste dia 14 de maio de 2022, nos manifestamos pela construção de uma sólida unidade entre a União Brasileira de Mulheres-UBM e a Confederação das Mulheres do Brasil-CMB. A força da unidade das duas maiores e mais antigas entidades nacionais de Mulheres do Brasil (35 anos), somada à indignação do povo brasileiro com o desemprego, com a carestia de vida, com o desmonte dos serviços públicos e a paralisação dos investimentos do Estado em estruturas fundamentais para as mulheres e suas famílias como creches, escolas, moradias, saneamento, é resposta veemente ao desgoverno Bolsonaro! UBM e CMB se unem e conclamam mais mulheres a se integrarem nessa luta em defesa da Democracia, da Vida e da Reconstrução de um Brasil Desenvolvido e Soberano!”, afirma o documento.
Leia também: Lula diz que é preciso reconstruir o país, gerar emprego e acabar com a fome
O manifesto ressalta ainda que mais de 45% das famílias são chefiadas por mulheres, a maioria mulheres negras que não têm como colocar comida no prato de seus filhos, por estarem desempregadas e sem auxílio maternidade. “Os preços disparam dia após dia com o governo promovendo toda sorte de medidas que catapultam o preço dos alimentos. Seu governo não fiscaliza e nem controla esses preços, pois seu interesse é agradar seus seguidores no agronegócio que só querem vender caro os alimentos para o exterior, desabastecendo completamente as famílias brasileiras, entregues à própria sorte”, denuncia.
O texto considera que o preço do gás de cozinha a 145,00 é um crime, lembra que a luz já não dá para pagar e que o povo volta a usar velas, bem como a gasolina dolarizada, a 9 reais em vários lugares, puxa o preço de todos seus derivados para cima, faz com que os transportes fiquem mais e mais caros, inviabilizando a sobrevivência de nosso povo. “Basta de cenas de mulheres desesperadas revirando caminhão de lixo em busca de alimentos! Já são 117 milhões de pessoas em situação de fome, sendo 19 milhões em miséria absoluta. Nos dois primeiros meses desse ano, com a carestia e o desemprego já são 1,8 milhão de famílias em pobreza extrema. O Brasil é o 4º país do mundo com as maiores taxas de desemprego. São 33 milhões de brasileiras e brasileiros desempregados, desalentados. O trabalho precário aumentou sobretudo entre as mulheres, na sua maioria negras. Mais de 9 milhões de mulheres perderam seus empregos durante a pandemia”, denunciam.
Leia também: Gás de cozinha compromete quase 10% do salário mínimo, diz pesquisa
O documento denuncia, especialmente, que a gravíssima crise econômica, social e sanitária que o Brasil atravessa, provocada pelo governo negacionista, genocida e fascista de Bolsonaro, atinge impiedosamente a população negra de nosso país: “O descaso do governo colocou o Brasil como o 2º pais com mais mortes por Covid-19, sendo mais de 30 milhões de infectados e mais de 664 mil mortes na pandemia. Foram mais de 1.926 gestantes e puérperas mortas pela COVID-19, sendo 78% de mulheres negras. O Brasil tem 3% da população mundial, mas foi responsável pela morte de 12% de pessoas no mundo com a Covid-19. Milhares de famílias, dilaceradas, perderam seus entes queridos. A razão da mortalidade materna, que inclui parto, puerpério e causas perinatais, saltou de 57 mortes por 100 mil nascidos vivos em 2019 para 107 em 2021. Basta desse governo genocida!”
Leia também: Seminário dias 3 e 4 debate antirracismo, democracia e desenvolvimento
Conheça o manifesto na íntegra:
“Unidade pela vida das mulheres e pelo Brasil!
Em defesa da democracia e da soberania nacional!
Basta de fome, carestia, desemprego e violência! Fora Bolsonaro!
Diante do grave momento que o Brasil atravessa, nós mulheres, mães, trabalhadoras, estudantes, de todas as gerações, de todas as cores, credos e etnias, militantes de todos os estados do país reunidas em Congresso neste dia 14 de maio de 2022, nos manifestamos pela construção de uma sólida unidade entre a União Brasileira de Mulheres-UBM e a Confederação das Mulheres do Brasil-CMB. A força da unidade das duas maiores e mais antigas entidades nacionais de Mulheres do Brasil (35 anos), somada à indignação do povo brasileiro com o desemprego, com a carestia de vida, com o desmonte dos serviços públicos e a paralisação dos investimentos do Estado em estruturas fundamentais para as mulheres e suas famílias como creches, escolas, moradias, saneamento, é resposta veemente ao desgoverno Bolsonaro! UBM e CMB se unem e conclamam mais mulheres a se integrarem nessa luta em defesa da Democracia, da Vida e da Reconstrução de um Brasil Desenvolvido e Soberano!
A UBM foi fundada em Salvador, em agosto de 1988, com a presença de 1.500 mulheres de todo o Brasil, pautada na visão de que a luta libertadora das mulheres, tinha tudo a ver com a luta transformadora do povo brasileiro, por soberania, desenvolvimento, democracia, no rumo do socialismo, de uma sociedade sem opressão e exploração. Impulsionada pela Revista Presença da Mulher, foi em 1987, que em Encontro no Rio de Janeiro, surge a proposta de criação da União Brasileira de Mulheres, a qual aglutinaria as organizações emancipacionistas já existentes de norte a sul do Brasil, unificando as lutas das brasileiras por seus direitos e plena emancipação. Nesses 34 anos desde sua fundação, a UBM tem sido implacável na defesa das mulheres e do Brasil. Realizou diversas campanhas pela valorização do voto, por mais mulheres no poder, pela igualdade no trabalho, pela saúde integral da mulher, contra os estereótipos na educação, no combate à violência de gênero, no impulsionamento das políticas públicas de gênero, pela valorização da imagem da mulher na mídia. Sempre atuante na defesa da democracia, sobretudo após o golpe de 2016, que interrompeu um período democrático no Brasil. Hoje, a UBM está na linha de frente da resistência democrática, contra o retrocesso e o desmonte das políticas públicas.
A CMB, foi fundada em julho de 1988, em São Paulo, com a presença de 5 mil delegadas das Federações de Mulheres Estaduais de todas as regiões do Brasil e organizadas desde 1981, durante a ditadura militar, elegeu suas primeiras parlamentares em 1982 (Leila Abreu, Dep. Estadual-PE e Edna Costa, Vereadora-Recife). A luta pelo direito ao trabalho sem discriminações, com proteção à maternidade e com salários iguais ao dos homens para o mesmo trabalho como condição essencial para a emancipação das mulheres é norteadora das ações da CMB, assim como a inserção política das mulheres nas decisões. Ações concretas da alfabetização à universidade; de profissionalização para o trabalho em todas as categorias e na disputa por investimentos públicos que assegurem a emancipação da mulher mobilizam a organização das mulheres da CMB. Fundadoras do Conselho Nacional dos Direitos da Mulher, do SUS e da luta pela saúde integral da mulher e inovadoras em programas para moradia para as mulheres chefes de família além de termos presidido a FDIM por 17 anos. Estaremos somando forças à UBM para ampliar ainda mais a participação feminina por seus direitos e pela Emancipação do Brasil da exploração imperialista que atualmente ocorre pelas mãos do ultra serviçal e antidemocrático Bolsonaro. Unidas estaremos mais fortes e organizadas. Seremos uma entidade à altura das necessidades das lutas de todas as brasileiras.
Com a carestia e o desemprego já são 1,8 milhão de famílias em pobreza extrema!
Hoje mais de 45% das famílias são chefiadas por mulheres, a maioria mulheres negras que não tem como colocar comida no prato de seus filhos, por estarem desempregadas e sem auxilio maternidade. Os preços disparam dia após dia com o governo promovendo toda sorte de medidas que catapultam o preço dos alimentos. Seu governo não fiscaliza e nem controla esses preços, pois seu interesse é agradar seus seguidores no agronegócio que só querem vender caro os alimentos para o exterior, desabastecendo completamente as famílias brasileiras, entregues à própria sorte. O preço do gás de cozinha a 145,00 é um crime. A luz já não dá para pagar e o povo volta a usar velas. A gasolina dolarizada, a 9 reais em vários lugares puxa o preço de todos seus derivados para cima, faz com que os transportes fiquem mais e mais caro, inviabilizando a sobrevivência de nosso povo. Basta de cenas de mulheres desesperadas revirando caminhão de lixo em busca de alimentos! Já são 117 milhões de pessoas em situação de fome, sendo 19 milhões em miséria absoluta. Nos dois primeiros meses desse ano, com a carestia e o desemprego já são 1,8 milhão de famílias em pobreza extrema. O Brasil é o 4º país do mundo com as maiores taxas de desemprego. São 33 milhões de brasileiras e brasileiros desempregados, desalentados. O trabalho precário aumentou sobretudo entre as mulheres, na sua maioria negras. Mais de 9 milhões de mulheres perderam seus empregos durante a pandemia.
A gravíssima crise econômica, social e sanitária que o Brasil atravessa, provocada pelo governo negacionista, genocida e fascista de Bolsonaro, atinge impiedosamente a população negra de nosso país. O descaso do governo colocou o Brasil como o 2º pais com mais mortes por Covid-19, sendo mais de 30 milhões de infectados e mais de 664 mil mortes na pandemia. Foram mais de 1.926 gestantes e puérperas mortas pela COVID-19, sendo 78% de mulheres negras. O Brasil tem 3% da população mundial, mas foi responsável pela morte de 12% de pessoas no mundo com a Covid-19. Milhares de famílias, dilaceradas, perderam seus entes queridos. A razão da mortalidade materna, que inclui parto, puerpério e causas perinatais, saltou de 57 mortes por 100 mil nascidos vivos em 2019 para 107 em 2021. Basta desse governo genocida!
Nós mulheres de todas as idades, cores, raças, etnias, segmentos sociais e orientação sexual somos mais de 70% que não queremos mais esse governo!
Somar forças neste momento, unindo nossas entidades históricas é fundamental ao fortalecimento da luta por mais mulheres na política e nos espaços de decisão. Vamos recuperar todos os nossos direitos roubados e as politicas públicas que foram desmanteladas, entre elas a Reforma Trabalhista e da Previdência, o Ministério da Mulher e a Casa da Mulher Brasileira, a SEPIR, a participação popular nas instancias de controle social e a reconstrução dos Conselhos. Desenvolver e reconstruir a economia do nosso país, para gerar renda, empregos decentes e acabar com a fome! Acabar com as medidas como a PEC 95, do corte de gastos! Mais investimentos e fortalecimento do SUS! Garantir a defesa da Amazônia, do meio ambiente e dos povos indígenas! Combater a violência, que aumentou muito na pandemia, e nesse momento barrar com veemência a violência política de gênero, que busca afastar a mulher da política. Vamos eleger mais mulheres, aumentar a participação das mulheres nos parlamentos e na sociedade. Garantir a reserva de cadeiras para as mulheres no parlamento. Garantir a defesa dos direitos da população LGBTQIA+.
União das mulheres pela construção de uma poderosa Entidade Nacional que integre as diversas forças sociais, políticas e entidades representativas do movimento de mulheres!
Mais do que nunca é fundamental unir forças para organizar as mulheres em defesa de seus direitos, em defesa de um Brasil democrático e desenvolvido, na construção de um mundo melhor sem opressão, exploração e desigualdade. No entendimento da luta de gênero entrelaçada com a questão de classe e raça/etnia. Contra a pauperização das trabalhadoras, contra o racismo discriminatório que afeta, sobretudo as mulheres negras. Juntas, somos mais fortes para garantir mudanças urgentes em nosso país, em defesa das mulheres, trabalhadoras e trabalhadores. Nas ruas, nas praças, nas fábricas, empresas, escolas, em todos os recantos do país, juntas e unidas, lutaremos e conquistaremos o Brasil que queremos com trabalho digno, salário igual, creches, licença maternidade maior, lavanderias e restaurantes populares. Fim à violência e ao feminicídio. Vamos unir as mulheres por uma poderosa Entidade Nacional que integre todas as forças sociais e políticas e as diversas entidades do movimento de mulheres TODAS NUMA SÓ VOZ: FORA BOLSONARO!
Nossa solidariedade aos povos e países que se defendem das agressões do braço armado dos EUA, a OTAN. Pela soberania dos povos e nações! Pelo fim do hegemonismo americano no mundo! Pela Palestina Livre! Viva Cuba e a China!
EM DEFESA DA VIDA E DA DEMOCRACIA! COMIDA NO PRATO! ABAIXO A CARESTIA! UNIDADE PELA VIDA DAS MULHERES E PELO BRASIL! BOLSONARO NUNCA MAIS! POR UM MUNDO DE IGUALDADE, CONTRA TODA OPRESSÃO!
Brasil, 14 de maio de 2022.”
EDIÇÃO: Guiomar Prates