A emissora católica, TV Pai Eterno desautorizou, nesta terça-feira (9) o padre Welinton Silva que ofereceu notícias positivas do governo Bolsonaro em troca de dinheiro, por meio de peças publicitárias, em reunião com o presidente na semana passada.
A TV Pai Eterno disse que o padre Welinton Silva, apresentador que participou em 21 de maio de videoconferência com Bolsonaro, havia recebido um convite pessoal do líder do governo na Câmara dos Deputados, major Vitor Hugo (PSL-GO). Por isso, a emissora considera que o encontro era “informal” entre o presidente, a Frente Parlamentar Católica e convidados da Igreja.
A reunião repercutiu mal na Igreja Católica, e antes da TV Pai Eterno desautorizar seu funcionário que participou da reunião, a Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), veículo oficial do Vaticano no Brasil emitiu nota criticando a reunião e seu conteúdo.
“A TV Pai Eterno nunca fez e não faz barganhas”, disse a emissora, em nota, exatamente como afirmou a CNBB. A emissora disse trabalhar em conjunto com a CNBB e a Signis Brasil, rede católica que congrega veículos de comunicação.
“Na ocasião, a participação do Pe. Welinton se deu, unicamente, enquanto religioso e comunicador, já que é jornalista e, atualmente, faz parte também do quadro de colaboradores da TV. Mesmo que ele tenha referenciado sua participação como representativa, afirmamos que ele não estava representando a emissora. A TV Pai Eterno não recebeu convite e nem enviou nenhum representante com pauta específica para a videoconferência”, disse a TV, em nota. “Percebemos que o Pe. Welinton fez uso de seu livre direito de expressão não representativa, mesmo tendo afirmado de forma diferente, para manifestar seu pensamento do modo que considerou apropriado”.
Na reunião, o Padre que trabalha na TV Pai Eterno afirmou a Bolsonaro: “A nossa realidade é muito difícil e desafiante, porque trabalhamos com pequenas doações, com baixa comercialização, e dentro dessa dificuldade estamos precisando mesmo de um apoio maior por parte do governo para que possamos continuar comunicando a boa notícia, levando ao conhecimento da população católica, ampla maioria desse País, aquilo de bom que o governo pode estar realizando e fazendo pelo nosso povo.
“Esse é um segmento que tem ficado esquecido, que é o segmento de comunicação católico. Precisamos ter mais atenção para que esses microfones não sejam desligados, para que essas câmeras não se fechem”, afirmou Welinton Silva. Emissoras de TV ligadas a grupos religiosos receberam, no ano passado, R$ 4,6 milhões em pagamentos da Secom por veiculação de comerciais institucionais e de utilidade pública. Os veículos católicos ficaram com R$ 2,1 milhões e os protestantes, com R$ 2,2 milhões. Em 2020, emissoras de TV católicas receberam, até agora, R$ 160 mil, enquanto as evangélicas, R$ 179 mil, de acordo com planilhas da Secom.