Ministro do Exterior da Turquia, Mevlit Çavussoglu

“Há alguns países dentro da OTAN que querem que a guerra na Ucrânia continue. Eles acham que, se a guerra continuar, a Rússia ficará enfraquecida. A situação na Ucrânia pouco importa para eles”, denunciou o ministro das Relações Exteriores da Turquia, Mevlüt Çavussoglu, em entrevista à filial turca da CNN, na quarta-feira (20).

“O nosso país decidiu não aderir às sanções lideradas pelos EUA contra a Rússia porque são unilaterais, ao contrário das sanções vinculativas decididas na ONU”, disse Cavussoglu, assinalando que definiram sua posição no primeiro dia do conflito na Ucrânia, que é continuar os contatos diplomáticos, como “um país em que ambos os lados confiam”.

A Turquia acolheu já duas rodadas de negociações ministeriais entre russos e ucranianos – a primeira em 10 de março, em Antália, e uma segunda em 29 de março, em Istambul.

“Embora não esperássemos muito depois das primeiras conversações Rússia-Ucrânia em Antália, havia esperanças” após as conversas posteriores em Istambul, revelou Cavussoglu. No entanto, a Ucrânia voltou atrás no acordo alcançado.

Kiev, entre suas propostas, incluía a renúncia ucraniana de aderir a blocos militares, a possibilidade de se tornar um Estado neutro com base em garantias de segurança, a suspensão de exercícios militares e do uso e produção de armas de destruição em massa, entre outras. No entanto, recentemente, Volodymyr Zelensky fez um pronunciamento pedindo que voluntários dos mais diversos países do mundo se juntem às forças armadas do país para combater a Rússia.

O ministro também se referiu à demanda do presidente ucraniano por garantias de segurança da OTAN.

“Ninguém concorda com o pedido de Zelensky de garantias do Artigo 5 da Otan”, sublinhou, referindo-se à cláusula de defesa mútua da aliança, que coloca todos os países membros contra o adversário de um deles. “Nenhum país aceitou esta proposta. Os EUA, Reino Unido e Canadá também não aceitam isso. É claro que a Turquia não aceita isso. Em princípio, ninguém se opõe a essa garantia, mas os termos dela não são claros.”.

Mevlut Çavussoglu afirmou que os presidentes da Rússia, Vladimir Putin, e da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, “podem encontrar-se a qualquer momento. Uma reunião de líderes está a ser discutida à mesa de negociações. Se ocorrer, pode ser em Istambul ou em Antália”.