Mesmo com a vantagem dos democratas precisarem deslocar o voto de 20 republicanos para que eventualmente o impeachment passe no Senado, seguro morreu de velho e o presidente Donald Trump convocou o que a Reuters chamou de “pesos pesados” do mundo jurídico para sua equipe de defesa.
São eles os ex-promotores do impeachment de Bill Clinton na década de 1990, Ken Starr e Robert Ray, a ex-procuradora-geral da Flórida, Pam Bondi, e ainda o mestre das artes marciais jurídicas, Alan Dershowitz, da Escola de Direito de Harvard, – que conseguiu a proeza da absolvição de O J Simpson em 1995.
As contratações de Trump foram recebidas com chumbo pesado, antecipando o embat e que ocorrerá no Senado.
“Você está brincando [‘fucking kidding’] comigo?’, reagiu uma das protagonistas do impeachment do Salão Oval, Monica Lewinsky, na época estagiária, atualmente editora colaboradora da revista Vanity Fair.
“Essa é a mensagem que Trump deseja enviar para seu impeachment?”, indagou outro crítico à equipe jurídica do presidente biliardário, como registrou o Common Dreams.
“De todos os advogados do país, Trump escolheu Ken Starr – que foi demitido da Universidade Baylor por um escândalo de estupro – e Alan Dershowitz – que ajudou o estuprador pedófilo Jeffrey Epstein a ficar fora da prisão”, postou o comentarista político da CNN, Keith Boykin.
Os quatro pesos pesados irão dar suporte aos advogados Pat Cipollone e Jay Sekulow, da Casa Branca. A equipe contará, ainda, com a advogada particular do presidente, Jane Raskin, e outro ex-promotor, Eric Herschmann.
Dershowitz encabeçou o chamado “Time dos Sonhos” de advogados que conseguiu a absolvição em 1995 do astro do futebol americano, O J Simpson, após o duplo assassinato da esposa e de um amigo dela. Outro beneficiário da desenvoltura de Dershowitz nas cortes foi o televangelista Jim Bakker (se livrou de uma condenação de 45 anos por trambiques na sua ‘Disneylandia da fé’ e acabou só cumprindo 5).
Já quanto a Starr, curiosamente, foi chamado de “lunático” e “fora de controle” por Trump em 1999, em entrevista que deu à NBC em 1999, depois da absolvição de Bill Clinton. Ao New York Time, disse que o jurista era “uma aberração”. “Aposto que ele tem algo em seu armário”.
Starr e Dershowitz também advogaram pelo financista pedófilo Jeffrey Epstein – aquele de quem Trump disse ser um “cara fantástico” e que operava mais na faixa das “novinhas”.
Em 2016, Starr foi demitido como presidente da Baylor University, do Texas, após o escândalo do encobrimento de agressões sexuais cometidas por jogadores do time de futebol da instituição.
Declaração do escritório de Dershowitz assinalou que ele apresentará argumentos orais no julgamento para tratar dos argumentos constitucionais contra impeachment e destituição do cargo.
“Embora o professor Dershowitz não seja partidário no que diz respeito à constituição – ele se opôs ao impeachment do presidente Bill Clinton e votou em Hillary Clinton – ele acredita que as questões em jogo estão no coração de nossa Constituição duradoura”, diz o comunicado.
O advogado pessoal de Trump, Rudy Giulini, não foi incluído, por razões óbvias, na equipe de defesa do presidente. Após o juramento do presidente da Suprema Corte, John Roberts, e dos 100 senadores na sexta-feira, o julgamento propriamente dito terá início na terça-feira, com a formalização da leitura das acusações.
Na véspera de finalmente a presidente da Câmara, Nancy Pelosi, vai encaminhar ao Senado as acusações contra Trump, um sócio de Giuliani. Lev Parnas, exibiu papeis que supostamente atestariam que o presidente sabia das armações de seu advogado pessoal junto às autoridades da Ucrânia e revelou esquema de vigilância sobre a então embaixadora norte-americana em Kiev, Marie Yovanovitch.
Além disso, um órgão do Congresso afirmou que a suspensão da ajuda militar de quase US$ 400 milhões, decidida pelo Congresso, foi ilegal, o que reforça as acusações contra Trump.
Ainda não ficou definido se serão ouvidas testemunhas pelo Senado – como os democratas querem -, ou se essas novas evidências serão incluídas. A julgar pela votação por linhas partidárias na Câmara, o juramento de “imparcialidade” feito pelos 100 senadores na sexta-feira, até prova em contrário, foi apenas uma formalidade