Trump não esqueceu de salvar o amigo Bannon 171, que roubou US$ 1 milhão de uma vaquinha pró-Muro

Donald Trump encerrou o seu mandato como presidente dos Estados Unidos nesta quarta-feira (20) concedendo 73 indultos e reduzindo a pena de outros 70 criminosos e marginais, entre eles o seu ex-conselheiro Steve Bannon, preso no ano passado por fraude e lavagem de dinheiro.

O perdão dado a título preventivo a Bannon elimina até mesmo as acusações pelas quais venha a ser condenado, tendo ocorrido no maior descaramento após uma fraternal e frutífera conversa telefônica de Trump com o amigo ladrão.

De acordo com o Departamento de Justiça, o guru da campanha de 2016 do republicano e ex-estrategista-chefe da Casa Branca desviou para o próprio bolso pelo menos US$ 1 milhão dos US$ 25 milhões arrecadados pela campanha “We Built That Wall” (Construímos o Muro) na fronteira com o México. Para a cruzada de xenofobia e preconceito, o delinquente usou a fachada que denominou de “Non-Profit 1” (Sem Fins Lucrativos 1).

Antes de ser preso, Bannon ficou conhecido internacionalmente por ter se tornado “conselheiro” de vários dos principais líderes fascistas europeus como Mateo Salvini, da Itália – que se nega a celebrar o fim do regime de Mussolini e da ocupação nazista – e Santiago Abascal, que promete “tornar a Espanha grande de novo”, retornando aos tempos de Franco.

Na mesma linha, o contraventor também costumava ser exibido pela família Bolsonaro no Brasil como “conselheiro”. O filho do presidente, deputado federal Eduardo Bolsonaro (o “Zero Três”), chegou a ser declarado informalmente por Bannon, em fevereiro de 2019, como o líder sul-americano do movimento de extrema-direita próximo ao marginal. O guru de Trump confessou ainda ter tido contato informal com os Bolsonaro durante a campanha de 2018, uma campanha posta em cheque pelo exacerbado uso de fake news, essência da ‘consultoria Bannon’ e de poderio econômico mal esclarecido, carreado através das redes sociais para a disseminação das mentiras e desinformação.

Entre outros que terão a pena comutada estão o ex-prefeito de Detroit Kwame Kilpatrick, que em 2008 já havia se declarado culpado de obstrução da Justiça como parte de um acordo com a promotoria numa investigação sobre subornos que ele e seu pai teriam aceitado em troca de contratos públicos e o ex-engenheiro do Google Anthony Levandowski, condenado por roubo de informação sobre carros autônomos antes de pedir demissão da empresa e ser contratado pelo Uber.

A situação foi tão vergonhosa, apurou o The New York Times, que a expectativa em torno dos perdões presidenciais gerou um negócio de milhares de dólares por parte de lobistas e advogados dos condenados, que agiram para influir no círculo mais próximo a Trump e assegurar o melhor aos seus representados.

Recentemente, Trump também havia indultado o ex-gerente da sua campanha, Paul Manafort (lavagem de dinheiro, fraude bancária e golpes internacionais, entre outras delinquências); seu ex-conselheiro, Roger Stone; e a Charles Kushner, sogro de sua filha.