O presidente Trump emitiu 11 indultos ou comutações de sentença na terça-feira (18), optando por perdoar o financista bilionário Michael Milken, o antigo “rei dos títulos de alto risco” e o magnata imobiliário bilionário Edward J. De Bartolo Jr., ex-proprietário do time de futebol profissional do San Francisco 49ers.
Trump indultou também o ex-comissário de polícia de Nova Iorque, Bernard Kerik, condenado por fraude e perjúrio fiscais, e comutou a pena de prisão de 14 anos do ex-governador de Illinois, Rod Blagojevich, que sofreu impeachment e foi condenado por várias acusações de corrupção, incluindo a tentativa de vender a vaga deixada por Barack Obama no Senado após sua eleição à presidência em 2008. Blagojevich, um congressista democrata antes de se eleger governador, foi libertado da prisão imediatamente por ordem de Trump e declarou logo apoio ao seu protetor na campanha à reeleição de novembro próximo.
Milken teve destacada atuação na financeirização da economia dos EUA, criando os notórios “junk bonds” – títulos corporativos de elevado risco e alto retorno. No processo, o próprio Milken acumulou uma enorme fortuna, incluindo uma receita sem precedentes de US$ 550 milhões em 1987.
Depois de se declarar culpado de 10 acusações de fraude financeira em 1990, Milken passou menos de dois anos em uma prisão de luxo do “Club Fed” para os ricos. Ele pagou multas e restituição de US$ 600 milhões, o que mal arranhou sua fortuna multibilionária. A mensagem de perdão de Trump prestou homenagem Milken e o saudou como “um dos maiores financiadores da América”.
De Bartolo foi acusado de pagar um suborno de US$ 400 mil em notas de US$ 100 ao governador da Louisiana, Edwin Edwards, um democrata, em troca da aprovação do governo do estado a um projeto de cassino de barco no rio, no qual investira. Edwards foi preso, enquanto De Bartolo teve que transferir a propriedade dos 49ers para sua irmã.
O ex-governador de Illinois Blagojevich e o ex-comissário de polícia de Nova York Kerik são figuras menores em termos de fortunas, mas ganharam destaque nacional como operadores da corrupção na política. Blagojevich foi gravado em uma escuta telefônica solicitando subornos e contribuições de campanha do sindicato dos Funcionários de Serviços e a vários indivíduos ricos interessados na seleção do sucessor de Obama no Senado.
Kerik é um amigo de longa data de Rudy Giuliani, agora advogado pessoal de Trump e político. Ele era o motorista e guarda-costas de Giuliani durante sua campanha para prefeito da cidade de Nova York, e Giuliani finalmente o elevou ao comissário de polícia, onde havia rumores de que ele recebia propinas de famílias do crime organizado.
Apesar dessa má reputação, Kerik foi realmente escolhido pelo presidente George W. Bush para chefiar o Departamento de Segurança Interna, mas teve que se retirar depois que surgiram indícios de corrupção ligados ao seu nome. Em 2009, ele se declarou culpado de fraude fiscal e mentiu para os investigadores e passou três anos e meio na prisão federal.
Todos os quatro – Milken, De Bartolo Jr., Kerik e Blagojevich – tinham patrocinadores de alto nível fazendo lobby pessoalmente por clemência junto a Trump.
Os sete indultos e comutações restantes incluem um agente político republicano, David Safavian, condenado no escândalo de corrupção de Jack Abramoff, uma empresária cubano-americana do sul da Flórida, condenada por um esquema maciço de fraude no Medicare e dois outros executivos condenados por acusações de fraude com impostos, um dos quais é doador significativo da campanha Trump.