Trump foge do segundo debate com Biden após resultado do primeiro
Depois do resultado adverso colhido por Trump no primeiro debate com o democrata Joe Biden, em Cleveland, ele resolveu fugir do segundo enfrentamento.
Apesar de ter acabado de sair do hospital onde ficou internado em tratamento contra o Covid-19, o presidente pretextou, na quinta-feira (8), durante entrevista à Fox Business, que não “perderá tempo” em um debate virtual com seu oponente na eleição para a Casa Branca, marcada para 3 de novembro.
“Eu não vou participar de um debate virtual, estou bem de saúde”, afirmou Trump mantendo, apesar do susto, a postura negacionista que acabou por tornar o seu país recordista mundial em mortes pelo coronavírus.
A declaração aconteceu logo após a comissão que organiza os eventos anunciar que a segunda edição do debate, marcada para a próxima quinta-feira, 15, que deveria ocorrer em Miami, foi mudada para o formato virtual para proteger a saúde de todos os que estão envolvidos.
Trump foi diagnosticado com coronavírus na quinta-feira (1º de outubro), 48 horas depois do primeiro debate com Biden em Cleveland. Apesar de que guardada a distância entre os dois durante o encontro televisivo, o democrata decidiu fazer uma série de testes para poder retomar à campanha eleitoral em segurança.
Já Trump, de 74 anos, que chegou a ser internado por três dias, deixou o hospital na segunda-feira e, como em todos os casos similares, teria, seguindo as recomendações amplamente adotadas pelos serviços de saúde, de guardar um período de quarentena de não menos de duas semanas.
Agora, depois de mais de dez integrantes da sua equipe e até chefes do Pentágono, que participavam de encontros e reuniões com ele nos salões da Casa Branca, terem se infectado já anuncia mais comícios, colocando mais gente em risco no desespero de reverter o quadro adverso apontado por todas as pesquisas mais recentes.
“As pessoas que têm a doença e que precisam ser hospitalizadas podem ter o teste PCR positivo por várias semanas, não temos um limite superior disso”, destacou a líder técnica da Organização Mundial da Saúde (OMS), Maria van Kerkhove, comentando um caso em que cientistas conseguiram encontrar o vírus ativo em até mais de três semanas depois do início dos sintomas.
O presidente já tinha dito que não compareceria ao evento se ainda estivesse com o vírus. Diante da incerteza por conta da falta de informações, a comissão modificou o formato e anunciou que os candidatos participariam de forma “remota” e em locais diferentes, enquanto os espectadores e o moderador estariam em Miami e fariam perguntas aos candidatos.
A campanha do Partido Democrata aprovou a mudança. Joe Biden já tinha dito que um evento presencial não deveria ser realizado por enquanto e até que o presidente testasse negativo para o coronavírus.
O administrador da campanha de Trump, Bill Stepien, afirmou que “o povo americano não deve ser privado da chance de ver os dois candidatos frente a frente mais duas vezes”, justificando que os republicanos propuseram adiar em uma semana os dois debates restantes, para assegurar que os eventos ocorram com a presença física de ambos.
Ele propôs que o debate do dia 15 seja adiado para o dia 22, data em que ocorreria o terceiro embate direto entre Trump e Biden, com a participação do público. Dessa forma, o último debate antes das eleições ocorreria no dia 29 de outubro.
Com a recusa do republicano de participar do debate no formato virtual, a campanha de Biden havia proposto um adiamento de uma semana, “para que o presidente não possa fugir de suas responsabilidades”, segundo afirmou a coordenadora da campanha do Partido Democrata, Kate Bedingfield.
Em comunicado, ela ressaltou que “todos os candidatos à presidência desde 1992 participaram desses eventos, será vergonhoso se Trump for o primeiro a se recusar:”
Na terça-feira (6), o Facebook e o Twitter deletaram publicações de Trump que usou as duas redes sociais para dizer que o coronavírus é menos letal do que a gripe comum. Qualquer semelhança com o seu pupilo, Bolsonaro, não é mera coincidência.
Desde o início da pandemia, Trump vem menosprezando a doença. Ele, inclusive, chegou a afirmar várias vezes que o vírus iria desaparecer logo mais. O presidente ignorou em diversas ocasiões os alertas das autoridades de saúde e vinha realizando eventos de campanha com aglomerações e sem usar máscara.
Os Estados Unidos são o país que registram os maiores números de casos e mortes por Covid-19 no mundo. Já são mais de 7,6 milhões de infectados e 213 mil mortos segundo registro da Universidade Johns Hopkins dos EUA, na sexta-feira (9).