Trump destrava transição para Biden depois de seis derrotas na Justiça
Com a certificação da vitória de Biden pelo Conselho Estadual do Estado de Michigan, a sexta derrota consecutiva dos advogados de Trump na tentativa de reverter as vantagens eleitorais de Biden (além do Michigan, nos Estados da Geórgia, Wisconsin, Pensilvânia, Nevada e Arizona, recursos não mudaram os resultados), Trump finalmente autorizou o início do processo formal de transição de sua administração para a equipe indicada pelo presidente eleito, Joe Biden, nesta segunda-feira (23).
Emily Murphy, que dirige a Administração de Serviços Gerais da Casa Branca, órgão encarregado de administrar a transição nos Estados Unidos, fez chegar a Biden uma correspondência na qual reconhece nele o presidente “aparentemente eleito” e informa que autorizou o repasse de recursos para que este possa iniciar o processo de transição e autoriza os assessores dele a iniciar o trabalho de contato com os integrantes da equipe de Trump na Casa Branca. A autorização também permite a Biden receber os informes de segurança que são enviados diariamente aos detentores dos cargos presidenciais.
Já Trump disse, por twitter, como de seu costume, que está autorizando sua equipe a começar “os protocolos iniciais” para o processo de transição.
Apesar do nítido reconhecimento de sua derrota, procurou manter sua bazófia. Também por twitter, disse que “nosso caso continua fortemente, vamos continuar no bom combate e eu acredito que prevaleceremos”.
Mas, explicou que, “no entanto, no melhor interesse do país, estou recomendando que Emily e sua equipe façam o que for necessário ser feito a respeito dos protocolos iniciais e disse a minha equipe para fazer o mesmo”.
Em mais uma demonstração de sua condição de fim de mandato, até mesmo Emily fez questão de mostrar independência com relação a Trump. “Cheguei a minha decisão de forma independente, baseada na lei e nos fatos disponíveis”. Mais adiante ela esclarece que os fatos aos quais se refere são as derrotas das ações jurídicas de Trump na vã tentativa de reverter no tapetão sua derrota nas votações. Sua decisão se baseou, como diz mais adiante, “nos recentes desdobramentos envolvendo contestações legais e a certificação dos resultados eleitorais”.
Segundo o jornal The New York Times, o Conselho Estadual do Michigan decidiu por 3 votos a 1 certificar a Biden a vitória, que lhe fornece 16 delegados no Colégio Eleitoral, “resistindo à pressão de Mr. Trump pelo adiamento do processo”.
A decisão do Michigan foi precedida por outra decisão, desta vez pela Suprema Corte Estadual da Pensilvânia determinando que os votos contestados pela equipe de advogados de Trump fossem computados e incorporados à contagem total no Estado que também concedeu vitória a Biden.
A pressão para que Trump aceitasse a derrota e iniciasse o processo de transição, foi em um crescendo, entre os republicanos, à medida que os reveses das demandas de Trump nos Estados onde perdeu foram se somando. Muitos alegaram também que adiar o processo de transição iria prejudicar ainda mais o necessário enfrentamento da pandemia do Covid que nos Estados Unidos está descontrolada.
O senador Lamar Alexander do Tennessee, um republicano veterano que está se aposentando agora, exigiu: “Uma vez que fica claro que Joe Biden será o presidente eleito, minha esperança é que o presidente Trump orgulhando-se que suas conquistas, colocando o país em primeiro lugar, proporcione uma imediata e ordeira transição para ajudar a nova administração a ter sucesso”.
E admoestou ainda Trump: “Quando você está na vida pública, o povo vai se lembrar da última coisa que você faz”.