Presidente dos EUA, Donald Trump, na Casa Branca 20/11/2020 REUTERS/Carlos Barria

Mais de 14 milhões de desempregados perderam o benefício de 600 dólares que receberiam do governo após Donald Trump se recusar a sancionar um pacote US$ 2,3 trilhões que inclui auxílio e gastos de resgate econômico durante a pandemia.

Afrontando tanto republicanos quanto democratas, Trump divulgou um vídeo criticando o pacote de resgate econômico que forneceria 892 bilhões de dólares em alivio para a situação de crise aprofundada pelo coronavírus, incluindo benefícios especiais de desemprego que expiraram em 26 de dezembro, e 1,4 trilhão de dólares para gastos regulares do governo.

Chamando o projeto de fornecer um auxilio emergencial de 600 dólares para milhões de pessoas em dificuldades de “uma desgraça”, porque seria pouco enquanto concederia muito dinheiro para interesses especiais, projetos culturais e ajuda estrangeira, ele propôs que fosse aumentado para 2 mil dólares. Quando semanas atrás esse valor foi proposto pelos democratas, especialmente por Bernie Sanders, Trump se opôs radicalmente.

Sua recusa em assinar o projeto de lei provocou uma forte resposta do presidente eleito Joe Biden, que pediu ao presidente republicano cessante que aja imediatamente.

“Essa abdicação da responsabilidade tem consequências devastadoras … esse projeto de lei é fundamental. Ele deve se tornar lei agora”, disse Biden, em um comunicado.

“Em apenas poucos dias, o financiamento do governo expirará, colocando em risco serviços vitais e contracheques de militares”, acrescentou Biden.

O orçamento de alívio de cerca de 900 bilhões de dólares está incluído em um projeto de lei para o financiamento de agências federais até setembro de 2021, no valor de 1,4 trilhão de dólares, sem o qual o governo será obrigado a fechar seus compromissos à meia-noite de segunda-feira (28)

A aprovação dos dois pacotes orçamentários torna-se ainda mais urgente quando “em menos de uma semana expira uma moratória sobre os despejos, colocando milhões de pessoas em risco de serem forçados a deixar suas casas durante as férias”, frisou Biden.

Cerca de 40 milhões de pessoas podem enfrentar o despejo nos próximos meses, de acordo com uma pesquisa do Instituto Aspen. As famílias devem cerca de US $ 70 bilhões em aluguéis, de acordo com estimativas do economista-chefe da Moody’s Analytics, Mark Zandi.

Nesse sentido, a aprovação do projeto também representaria um alívio, uma vez que prorroga a moratória dos despejos, que atualmente expira em 31 de dezembro, até o final de janeiro. Além disso, fornece US $ 25 bilhões em assistência de emergência para aluguéis.

Ao mesmo tempo, Trump também vetou o projeto de lei de quase US $ 740 bilhões para financiar o Departamento de Defesa – a primeira vez em 60 anos que isso aconteceu.

O consenso bipartidário com que contam estes projetos de lei pode levar à primeira vez que o Congresso anule vetos presidenciais votando com uma maioria de pelo menos dois terços para aprová-lo.

Como vários observadores apontaram, Trump ainda tem um tempinho para causar mais caos antes de sair da Casa Branca em 20 de janeiro, data em que Joe Biden assume a Presidência.

 

(PL)