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Medida do governo Trump para dificultar ainda mais o acesso ao auxílio alimentação, conhecido oficialmente como ‘Programa de Assistência Nutricional Suplementar’ (SNAP, na sigla em inglês), anunciada na semana passada e prevista para vigorar a partir de abril do próximo, “irá tirar comida das mesas de quase 700 mil pessoas”, denunciou James Weill, presidente do Centro de Pesquisa e Ação Alimentar (FRCA). Para Weiil, o SNAP “é a primeira defesa do país contra a fome”.

De acordo com outra entidade, o Instituto Urbano, a exclusão desses 700 mil poderia ser seguida pela de mais 3 milhões, como resultado de outras duas restrições aos cupons de alimentação, que atualmente ajudam 36 milhões de pessoas a comerem o suficiente – entre essas, pessoas de baixa renda, cuidadores, veteranos de guerra, moradores de áreas rurais, negros e pessoas que sobrevivem de biscates.

As normas em vigor já são suficientemente duras, limitando os beneficiários a três meses de cupons de alimentos em um período de três anos, sob a condição de procurarem emprego. Caso o requerente more em um município com alto desemprego (mais de 20% acima da média nacional), o estado pode pedir ao Departamento de Agricultura a isenção desse limite de três meses.

Pela nova norma, os adultos entre 18 e 49, solteiros e sem dependentes, terão que passar a trabalhar pelo menos 20 horas por semana, ou perderão o auxílio alimentação.

Esses cortes em massa nos cupons de alimentos têm o objetivo declarado de “economizar” US$ 5 bilhões em cinco anos.

O que levou Patrick Reis a denunciar, na Rolling Stones, que “quando se tratava de cortes de impostos para empresas e ricaços, Trump e os republicanos achavam que as finanças do país eram firmes o suficiente para abrir mão de mais de US $ 1,5 trilhão. Quando é hora de gastar uma fração disso para ajudar as pessoas pobres a comer, é aí que o poço está supostamente seco.”

“As pessoas com insegurança alimentar merecem acesso à comida, não mais estigmatização”, advertiu a deputada democrata Rosa DeLauro, que já presidiu o subcomitê da Câmara que define o financiamento do programa.

Ela acrescentou que os próprios dados do Departamento de Agricultura continuam mostrando que “a grande maioria dos destinatários do SNAP que podem, trabalham”. O que desmente a alegação de Trump e seu secretário de Agricultura, Sonny Perdue, ministério ao qual o programa é ligado.

DeLauro chamou a nova norma de “castigo às pessoas por serem pobres”. “Isso é inescrupuloso”, destacou.

Para Weill, o governo Trump “politizou o processo, estreitando arbitrariamente a capacidade dos estados de renunciar ao prazo limite em muitas áreas com empregos insuficientes”. A nova regra não leva em consideração se o município ainda tem empregos disponíveis. Em suma, como ressaltou a Conferência de Liderança em Direitos Civis e Humanos, sobre a nova regra contra os pobres e os mais vulneráveis, “é assim que a crueldade se parece”.