Trump em comício, sem máscara, na quarta-feira, em Duluth, Minnesota | Foto: Erin Schaff - The New York Times

O presidente Trump anunciou na manhã desta sexta-feira (2) que ele e a primeira-dama, Melania Trump, testaram positivo para o Covid-19.

Desde o início da pandemia, Trump subestimou o mal e, além de negar a doença e fazer questão de andar por lugares aglomerados sem máscara, dizer, como no debate com o opositor democrata Joe Biden, mentiras como a de que fez um trabalho “fenomenal” no combate ao Covid, mesmo estando os Estados Unidos na triste primeira posição em número de mortos (207.000) ou de que “o fim da pandemia está à vista”.

Trump ficará em quarentena por um número ainda não anunciado de dias e terá que, ao menos por um tempo, ficar de fora da campanha.

Segundo os jornalistas Peter Baker e Maggie Haberman, em matéria para o New York Times, “a Casa Branca cancelou seus planos de voar para a Flórida para um comício de campanha na sexta, cortando toda a sua programação pública, exceto por um telefonema ao meio-dia ‘em apoio aos idosos vulneráveis’. Comparecimentos em comícios como Wisconsin, no sábado e Arizona, na segunda, também aparecem como certos de cancelamento”.

O bombástico anúncio, às 01:00, hora local, aconteceu depois que o portal Bloomberg informou que uma das assessoras mais próximas de Trump, Hope Hicks, apresentou sintomas na viagem de volta do recente comício em Minesota e foi vista descendo só pela porta dos fundos do avião presidencial ao desembarcar em Washington.

Sem dizer se assintomático ou não, Trump se limitou a afirmar que “está se sentindo bem”.

O NYT avalia que contrair a doença acontece em uma hora ruim para o ocupante da Casa Branca, uma vez que, já está atrás nas pesquisas (uma média de 8 pontos percentuais de diferença para o primeiro colocado Biden, que também se apresenta na frente nos Estados que oscilam e que definem a maioria no colégio eleitoral norte-americano), além de tornar impossível levar a cabo sua estratégia de minimizar o debate em torno da pandemia durante a corrida presidencial.

Isso para não dizer da desmoralização que recai sobre quem, ainda no debate, dias antes, portanto, de contrair Covid-19, caçoou de Biden dizendo “sempre que é visto está de máscara no rosto”.

Coube a Biden apontar este negacionismo, inclusive com relação a Trump se negar a usar máscara em público, e a instar colaboradores a também não a usarem nas reuniões no Salão Oval da Casa Branca como fator que levou muitos norte-americanos a, facilitando, pegar o vírus com mais de duzentos mil indo a óbito.

Segundo o NYT, ainda se discute na entourage do presidente se ele deve ou não fazer, ainda nesta sexta, um pronunciamento à nação.

Antes de Trump, dois outros negacionistas contraíram Covid: Bolsonaro e o premiê inglês, Boris Johnson, que se confessou arrependido das bravatas anti-ciência ainda no leito hospitalar.

Atrás nas pesquisas, tem realizado comícios em vários Estados na ânsia de reverter o quadro adverso. Em todos eles aparece sem máscara, como ocorreu em Tulsa, Oklahoma, com uma aglomeração em um estádio fechado. Um dos seus apoiadores, o republicano Herman Cain, que compareceu ao evento, também sem máscara, faleceu pouco depois.