Povoado de Molodiozhni atacado por artilharia das tropas da Ucrânia recém armadas pelos EUA

As forças de Kiev, treinadas e armadas pelos EUA e reforçadas por batalhões de neonazis, voltaram a realizar centenas de provocações por todo o Donbass no sábado (19), depois das mais de 1500 violações de cessar-fogo na véspera, enquanto a cada hora mais e mais mulheres, crianças e idosos chegavam à vizinha Rússia em busca de refúgio, após a decisão dos governos antifascistas locais de proceder à evacuação dos civis.

Uma estação de tratamento de água no Donbass foi propositalmente atingida por disparos de artilharia ucraniana, deixando 40 cidades e vilas sem água. O ataque foi realizado quando o local era vistoriado por uma equipe do comitê, acompanhada pela milícia popular e pela mídia.

“Um cinismo particular reside no fato de que os militantes ucranianos viram perfeitamente contra quem estavam atirando, pois usaram um drone para ajustar o bombardeio”, disse a denúncia.

Em outro ataque contra a infraestrutura civil, em Lugansk, os disparos ucranianos com armas proibidas pelos Acordos de Minsk (morteiros de 82 mm) atingiram o gasoduto South Donbass.

Em Donetsk, os maiores ataques foram dirigidos contra Horlivka, Komunarovka e Dolomitne e ao todo foram 16 cidades e aldeias em 24 horas. Ataques também contra Debaltsevo, Raivka, Vesela Hora e Sokilnyky, em Lugansk. Incursões armadas ainda contra Dokuchayevsk, Kominternove e Petrovske.

As forças antifascistas comunicaram que um civil ficou ferido nos confrontos. Kiev disse que dois soldados ucranianos morreram e dois ficaram feridos.

A experiência das lideranças antifascistas diante das duas tentativas anteriores do regime de Kiev de resolver a crise pela via militar levou-as a optar pela imediata evacuação de civis, porque as tropas ucranianas estavam fazendo disparos com calibre 122 mm (alcance 20-40 km), ameaçando diretamente as duas maiores cidades do Donbass, Donetsk e Lugansk, que ficam respectivamente a sete e a doze quilômetros da linha de separação de forças.

Kiev mantém 150 mil soldados na linha de separação de forças no sudeste ucraniano e foi entupido de armas por Washington e outros cúmplices.

Até o cessar-fogo negociado em Minsk em 2015, mais de 13 mil pessoas foram mortas e 44 mil ficaram feridas nas tentativas de Kiev de esmagar os falantes de russo e antifascistas. Até a manhã de sábado, 36 mil civis já tinham cruzado a fronteira e chegado a Rostov, de ônibus ou de automóvel.

Na Davos da Segurança, a conferência de Munique deste fim de semana, acabou virando um circo em que o governo Biden tentou o máximo que pôde insuflar a guerra nas fronteiras russas, instigando os xenófobos antirrussos de Kiev e os neonazis a promoverem uma limpeza étnica no Donbass, acusando pela enésima vez a Rússia de pretender “invadir a Ucrânia”, que vem sendo requentada diariamente em um ato de ‘terrorismo informacional’, e buscando coesionar o G7 para suas sanções “do inferno” contra a Rússia.

Ucrânia não cumpre acordos de paz

A recusa do governo de Kiev de cumprir com a obrigação estabelecida pelos Acordos de Minsk e por resolução do Conselho de Segurança da ONU de que negocie diretamente com a liderança do Donbass a saída pacífica para a crise, conforme roteiro já definido, foi motivo de discussão entre o ministro das Relações Exteriores russo, Sergei Lavrov, e seu homólogo francês, Jean-Yves Le Drian, no sábado. No domingo, Putin e o presidente francês Emmanuel Macron voltarão a conversar por telefone.

Lavrov observou a falta de progresso na resolução do conflito interno ucraniano devido à teimosa relutância de Kiev em cumprir integralmente os requisitos dos acordos de Minsk, incluindo o diálogo direto com representantes de Donetsk e Lugansk e consagrando o status especial de Donbass na constituição da Ucrânia.

Lavrov também disse ao chefe da diplomacia francesa que a Ucrânia continua realizando provocações militares no Donbass. “Enfatizou-se que Kiev se recusa desafiadoramente a cumprir suas obrigações sob o ‘Pacote de Medidas’ de Minsk, acumula forças militares na linha de contato no Donbass, realiza uma campanha de militarização da população e continua as provocações armadas”, disse o ministério russo.

Na sexta-feira, Putin havia reiterado a Kiev que se reunisse com o Donbass e garantisse a paz, e claro, reafirmando que é inaceitável para a Rússia a anexação da Ucrânia pela Otan e, ao contrário, o que a Rússia quer é a restauração da segurança coletiva indivisível e o retorno da Otan às posições de 1997, ano da assinatura do acordo Rússia-Otan.

“A garantia de que a paz pode ser restaurada vem com a implementação dos acordos de Minsk”, disse o presidente russo. “Tudo o que Kiev precisa fazer é sentar-se à mesa de negociações com representantes do Donbass e concordar com medidas políticas, militares, econômicas e humanitárias para acabar com este conflito. Quanto mais cedo isso acontecer, melhor.”

Munique

Na conferência de Munique, o tom de histeria foi a tônica de boa parte das intervenções. A Rússia este ano não participa por considerar que deixou de ser inclusiva e virou um clube de “transatlanticistas”. Foi em Munique que, há 15 anos, Putin fez seu famoso discurso, anunciando que o mundo unipolar chegara ao limite. Agora, o que o mundo vive é, exatamente, a transição para um mundo multipolar e de futuro compartilhado, recentemente anunciado no comunicado conjunto Putin-Xi Jinping no dia da abertura dos Jogos Olímpicos de Inverno Pequim 2022.

Para Moscou, toda essa histeria sobre a “invasão iminente” da Ucrânia é uma forma de encobrir a sabotagem de Kiev aos acordos de Minsk que assinou e quer rasgar, ao mesmo tempo em que serve para fugir da discussão sobre as garantias legais e juridicamente válidas de segurança de parte dos EUA e da Otan, que de outra forma terão que ser garantidas – o que se há de fazer – por meios “técnico-militares” concernentes.

A China manifestou seu apoio às justas reivindicações de segurança da Rússia na Europa e exortou à aplicação dos acordos de Minsk na Ucrânia e prevalência do diálogo.

No dia 16, quando não houve a “invasão russa” marcada por Washington e sua mídia alistada, na Ucrânia – e no mundo inteiro – houve uma sensação de alívio.

Quebrada no dia seguinte pelo presidente Joe Biden, incitando à guerra e ao confronto, e pela declaração do presidente-comediante ucraniano, Volodymyr Zelensky, de que não acataria a determinação dos Acordos de Minsk de se reunir com as repúblicas antifascistas para dar fim ao conflito com anistia, respeito ao idioma russo, autonomia e eleições.

Cujo capítulo seguinte foi a intensificação dos bombardeios contra o Donbass pelas forças de Kiev– com armas pesadas de uso proibido pelos Acordos de Minsk – e atentados executados por provocadores.

O Donbass, que há séculos é habitado por falantes de russo, se levantou contra o golpe CIA-neonazis de 2014, que derrubou o presidente legítimo a um ano das eleições e instaurou um regime de perseguição aos oposicionistas e a tudo que fosse russo, na nova “Ucrânia da Otan”, cujo patrono é Bandera, o chefe dos colaboracionistas da ocupação hitlerista e dos pogroms para matar judeus, poloneses, comunistas e soviéticos em geral.

O golpe, a corrupção, o rompimento dos laços históricos com a Rússia – cujo estado nacional se originou na região de Kiev –,a ascensão da escória fascista e a subserviência aos norte-americanos tornaram a Ucrânia, que era a república mais rica da União Soviética, no país mais pobre da Europa.

Na cobertura da não-invasão do dia 16, um fato insólito chamou a atenção, como casualmente mostrou a Reuters, ao cobrir a praça Maidan no que deveria ser um dia de fatalidade e nada houve. Ou melhor, quase nada: não se sabe como, soou pelo serviço de som da praça o hino soviético, com os versos originais, não os que foram mudados dando origem ao atual hino russo.