Três deputados sairão do Partido Liberal se Bolsonaro se filiar
Após uma longa caça por uma sigla disposta a lhe dar acolhida, Bolsonaro disse na segunda-feira (8) que está “99% fechado” para se filiar ao Partido Liberal (PL) , partido de Valdemar Costa Neto.
O presidente da legenda confirmou o ingresso do chefe do Executivo na legenda para disputar as eleições de 2022.
No próximo dia 19, Bolsonaro fará dois anos sem partido, desde que pediu desfiliação do PSL. Sua tentativa de criar o seu partido, o Aliança Brasil, redundou em um tremendo fracasso.
Mesmo com a confirmação, Jair Bolsonaro declarou à CNN Brasil que nesta quarta-feira (10) ainda haverá uma reunião para tratar dos últimos detalhes com Valdemar Costa Neto para, em seguida, “marcar a data do casamento”.
Mas, segundo a TV, o presidente disse que a “chance de dar errado [a negociação] é zero”.
Contudo, pelo menos três deputados federais do PL relataram ao jornal Folha de S.Paulo que pretendem deixar o partido caso seja confirmada a filiação de Jair Bolsonaro. Marcelo Ramos (AM), o 1º vice-presidente da Câmara, provavelmente deixará a legenda.
Bolsonaro já chamou Valdemar Costa Neto de “corrupto e condenado” em maio de 2018.
Ao criticar informações sobre uma possível aproximação dele com o PL, Bolsonaro comentou:
“A QUE PONTO CHEGARÃO? Primeiro a imprensa mente ao publicar que estive com Waldemar da Costa na semana passada. Agora diz que aceno para corruptos e condenados. É a velha imprensa de sempre, não sabem fazer outra coisa a não ser mentir e mentir”, escreveu.
O vereador Carlos Bolsonaro (PSC) apagou o tweet sobre suborno de Costa Neto, condenado por corrupção e lavagem de dinheiro no escândalo do mensalão. Mas apagou tardiamente porque foi lembrado. Veja:
Valdemar Costa Neto foi condenado a sete anos e dez meses de prisão por corrupção passiva e lavagem de dinheiro no caso do mensalão. Depois de cumprir dois anos e meio da pena, em 2016, recebeu indulto do Supremo Tribunal Federal (STF).
Em 2018, antes da eleição, Bolsonaro fez questão de se desvencilhar de Valdemar Costa Neto, quando Magno Malta (então no PR, antigo nome do PL) era cotado para ser seu candidato a vice-presidente.
Terceiro maior partido da Câmara, atrás de PSL e PT, o PL se aproximou de Bolsonaro junto de outros partidos do Centrão e possui um ministério, a Secretaria de Governo, ocupada por Flávia Arruda (PL-DF), e o comando do Banco do Nordeste.
Em mensagem de áudio divulgada pelo jornal Folha de S.Paulo, Valdemar disse que Bolsonaro tem conversado com os três principais partidos que o apoiam no Congresso, PP, PL e Republicanos, para que todos participem da chapa.
“Hoje ele me informou que falou com o Ciro [Nogueira, ministro da Casa Civil] e com os outros partidos. Temos que nos entender para que todos sejam atendidos. Política é isso. Hoje o PP tem a presidência da Câmara, amanhã, vamos querer ter essa presidência. Tem a eleição do Arthur e nós vamos apoiar? E depois de nós, vai vir o PRB (Republicanos), todos temos que crescer. Não pode ficar para trás. Se temos um grupo temos que estar unidos”, disse.
“Ele [Bolsonaro] falou comigo que falou com o Ciro hoje e o Ciro entendeu. Vamos tocar para frente o assunto e vamos entender quando vamos fazer essa filiação”, continuou.
Um dos acordos tanto com o PL como o PP, que Bolsonaro vinha conversando, prevê que o presidente possa influenciar na escolha dos candidatos ao Senado em estados-chave.