A falta de emprego no Brasil está levando cada vez mais trabalhadores para a informalidade, revelam os dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílio (Pnad-Contínua) divulgada na manhã desta terça-feira (30) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). No terceiro trimestre deste ano, o número de pessoas ocupadas em atividades informais, no trabalho precário, sem carteira de trabalho, atingiu 38 milhões, ou 40,6% da população que trabalha no país, contra 40,0% no trimestre anterior.

A queda no desemprego baseada no crescimento da informalidade, no trabalho por conta própria e subemprego fez com que o rendimento médio dos brasileiros despencasse mais de 10% no trimestre encerrado em setembro na comparação com o mesmo período do ano passado, pressionado duplamente por salários baixos e inflação nas alturas.

O rendimento médio real habitual do trabalhador (descontada a inflação) ficou em R$ 2.459, o que representa uma queda de 4% frente ao trimestre anterior e uma redução de 11,1% em relação a igual trimestre de 2020. Tata-se também do menor rendimento médio desde o final de 2012. A massa de rendimento real habitual (R$ 223,5 bilhões) ficou estável em ambas as comparações.

“Há um crescimento em ocupações com menores rendimentos e também há perda do poder de compra devido ao avanço da inflação”, segundo Adriana Beringuy, gerente da pesquisa.

13,5 milhões de desempregados

A informalidade em disparada – sintoma de uma economia que cresce e não gera emprego – foi responsável pela redução da taxa geral de desemprego medida pela Pnad Contínua. De acordo com o IBGE, a taxa de desocupação caiu de 13,1% no trimestre encerrado em agosto para 12,6%, mas ainda são 13,5 milhões de brasileiros desempregados. De acordo com o IBGE, a informalidade responde por 54% do crescimento da ocupação.

São 11,7 milhões de trabalhadores no setor privado sem carteira assinada, uma elevação de 10,2% (1,1 milhão de pessoas) em relação ao trimestre anterior e de 23,1% (2,2 milhões de pessoas) em relação a igual trimestre de 2020. No mesmo período, o número de trabalhadores domésticos chegou a 5,4 milhões, aumento de 9,2%, o maior desde o início da série histórica da pesquisa, em 2012. Se considerados apenas os trabalhadores sem carteira, houve aumento de 10,8%, o que representa 396 mil pessoas a mais, destaca Adriana Beringuy.

Vivendo de “bico”

Também houve crescimento no contingente de quem trabalha por conta própria, que atingiu a marca de 25,5 milhões de pessoas – o maior número desde o início da série histórica. Sobre o trimestre anterior, esse número cresceu 3,3%, ou mais 817 mil pessoas em três meses. Em relação ao ano passado, o crescimento foi de 18,4% (4,0 milhões de pessoas).

A população subocupada por insuficiência de horas trabalhadas, ou seja, que trabalha menos horas do que poderia por falta de oportunidades, totalizou 7,8 milhões de pessoas, contra 7,7 milhões no trimestre anterior e 6,3 milhões há 1 ano. Já população desalentada ainda somou 5,1 milhões de pessoas no 3º trimestre, contingente composto por pessoas que deixaram de procurar trabalho por não encontrar.