Trabalhadores de diversas categorias irão parar no dia 14.

Trabalhadores do transporte urbano, professores e funcionários de escolas públicas e particulares, metalúrgicos, petroleiros, bancários, portuários, comerciários, profissionais da saúde, eletricitários, trabalhadores rurais, da construção civil, dos Correios, e do judiciário, entre outras categorias, irão cruzar os braços nessa sexta-feira, 14 junho, em Greve Geral contra a reforma da Previdência
De acordo com as Centrais Sindicais – Força Sindical, CTB, CUT, CGTB, CSP-Conlutas, Nova Central, UGT, CSB e Intersindical – que conclamam os trabalhadores à paralisação, assembleias em todos os estados nas últimas semanas movimentaram a preparação para greve.
Nas principais capitais, o transporte irá parar totalmente como em São Paulo, Salvador, Espírito Santo, Belo Horizonte, Rio Grande do Sul, Distrito Federal e Recife. No Rio, os metroviários fazem assembleia na noite de quinta-feira para decidir sobre a greve.
Na área da Saúde, profissionais também aderiram à greve. No rio Grande do Sul, mais de 100 mil trabalhadores representados pelo Sindisaúde-RS (técnicos e trabalhadores de nível médio em geral), Sergs (enfermeiros), Sindifars (farmacêuticos) e Sinditest-RS (técnicos de segurança do trabalho) irão parar, conforme assembléia dos trabalhadores na segunda-feira, 10.
“A Reforma do Governo segue o mesmo modelo de capitalização do Chile, que faz com que nove em cada dez aposentados chilenos ganhem menos que um salário mínimo. Na saúde, acaba com a aposentadoria especial dos trabalhadores que passam décadas expostos a todo tipo de risco e ataca covardemente as mulheres. Nós temos que derrubá-la a todo custo pelo nosso futuro e pelo de nossos filhos e netos, e a Greve Geral é o instrumento soberano da classe trabalhadora! Nós não vamos trabalhar até morrer!”, afirmou Arlindo Ritter, presidente do Sindisaúde-RS.
Nas universidades estaduais e federais também haverá greve. “Essa é a PEC com mais profundidade de ataques aos direitos da classe trabalhadora brasileira. É uma PEC que não está estruturada ‘apenas’ sobre a destruição dos direitos previdenciários, o que já seria bastante. Ela incide também sobre outros direitos e outras áreas, como os direitos trabalhistas, o Sistema Único de Saúde no âmbito da compra e distribuição de remédios, o financiamento do BNDES e a assistência social”, afirma Sara Granemann, professora da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ).
Funcionários, cientistas e pesquisadores de órgãos como a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), no Rio; funcionários do Incra, da Fundacentro, Funasa e Ministério da Saúde, em São Paulo; servidores do INSS e Detran, em Natal, entre outros, também vão aderir ao movimento.
“É uma reforma que mantém privilégios e tira da classe trabalhadora o direito de se aposentar com dignidade. Querem destruir a Previdência Pública, que é uma proteção social, e impor um regime de capitalização que não deu certo em outros países”, afirma Miguel Torres, presidente da Força Sindical e do Sindicato dos Metalúrgicos de São Paulo. Nesta semana, metalúrgicos realizaram assembleias nas portas de fábricas de diversos estados.
Em nota divulgada nesta quarta-feira, 12, as Centrais Sindicais conclamaram os trabalhadores de todo o país à Greve Geral. “Sexta-feira o Brasil vai parar em defesa da aposentadoria, do emprego e da Educação”, afirmam as entidades.
Leia abaixo a íntegra da nota:
“Sexta-feira, 14 de junho vamos às ruas contra a reforma da Previdência do governo Bolsonaro, por uma aposentadoria digna, em defesa do Emprego e da Educação. Vamos juntos parar o país com uma grande greve geral.
“O que o governo propõe não é reforma, é o fim da sua aposentadoria.
A proposta encaminhada ao Congresso não combate desigualdades nem tão pouco privilégios. Prejudica os mais pobres e só beneficia os ricos, banqueiros e grandes empresários.
O governo mente quando diz que a reforma da Previdência vai resolver o problema econômico e gerar emprego. É o mesmo discurso usado na Reforma Trabalhista que não gerou empregos e precarizou o trabalho. Aumentou o desemprego e o número de trabalhadores sem carteira assinada. A informalidade (que compreende ainda os que trabalham por conta própria) é recorde. Atingiu 34,3 milhões de pessoas em 2018, número superior ao dos empregados formais (33,3 milhões).
Além disso, diferente do que apregoam seus defensores, a proposta de emenda à Constituição, a PEC nº 06/2019, vai aumentar a desigualdade e agravar, em vez de resolver, o desequilíbrio fiscal. Quase todo o valor de R$ 1 trilhão, que, segundo eles, vai ser economizado, será retirado dos setores mais vulneráveis, dos trabalhadores e trabalhadoras que ganham até 2 salários mínimos. Um crime.
Além disso, os recursos subtraídos dos trabalhadores vão servir apenas para cobrir os custos de transição do sistema de repartição para o modelo de capitalização que Paulo Guedes quer impor e que significa pura e simplesmente a privatização do sistema previdenciário.
A Previdência Pública é a garantia da sua aposentadoria. Ela é infinitamente melhor que o regime de capitalização, onde só os bancos lucram. Vale lembrar que, para milhões de pessoas, a aposentadoria pública é a única fonte de sobrevivência.
Como não há maldade que venha sozinha, a reforma da dupla Bolsonaro/Paulo Guedes acaba com a aposentadoria por tempo de contribuição e institui a idade mínima. Para homens, aos 65 anos e para as mulheres, 62.
Para piorar, corta-se drasticamente o valor dos Benefícios de Prestação Continuada (BPC) para idosos (65 anos) e deficientes em situação de miséria. Uma tragédia!
Vamos juntos participar dos atos organizados pelas entidades sindicais e movimentos sociais contra esta perversa reforma que quer acabar com a dignidade do nosso povo”, convocam as centrais.