A Federação Interestadual dos Sindicatos dos Trabalhadores da Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos (Findect) divulgou nota contra o Projeto de Lei (PL) apresentado pelo governo Bolsonaro para entregar os Correios às mãos de empresas privadas.

A entidade ressalta o papel estratégico e altamente eficaz da empresa que, além de garantir o serviço postal em todos os 5.570 municípios brasileiros, cumpre função essencial, especialmente nesse momento de crise da Covid-19, garantindo o transporte seguro de insumos para vacina, remédios, livros didáticos, exportam e importam, levam informação, emitem documentos, bem como na organização logística do Exame Nacional do Ensino Médio (ENEM).

“Muitos desses serviços não geram lucros, apesar da empresa ser sim muito lucrativa. Contudo, mesmo assim são feitos, já que por ser uma empresa pública, a população tem por direito constitucional a garantia da prestação de serviço postal em todos os municípios brasileiros”, diz a nota.

“A população brasileira só perderia com a privatização dos Correios. Como exemplo, é certo que as agências e entregas em cidades distantes e pequenas e nos bairros periféricos das grandes cidades desapareceriam”, completa a Findect.

O grande argumento do governo Bolsonaro é de que a estatal dá prejuízo ao país, quando, na verdade, desde sua fundação tem sido exatamente o contrário. Os Correios repassam, por decisão estatutária, 25% de seus lucros para o caixa da União.

A Findect lembra que o governo omite “que nos últimos 4 anos, a empresa registrou consecutivamente lucro líquido, ultrapassando os R$2 bilhões de reais. Isso sem contar que o próprio governo rapou o caixa da empresa, levando R$6 bilhões a mais do que o que teria direito”, diz nota da Findect.

De acordo com os dados apresentados pela empresa, a estatal lucrou R$667 milhões em 2017 e R$161 milhões em 2018, já o balanço financeiro de 2019, divulgado pelo próprio site dos Correios, registrou saldo lucrativo de R$102 milhões.

Em 2020, “apesar do balanço não ter sido divulgado, a perspectiva do último ano, e em plena pandemia, é de atingir recorde com o aumento das entregas de produtos vendidos via internet (e-commerce)”, diz a nota da Federação.

O governo “também omite o rombo no Fundo de Pensão da categoria, de culpa, principalmente, de um banco norte-americano, que fez investimentos errados com o dinheiro dos trabalhadores e agora se recusa a cobrir o prejuízo”, denuncia.

Para a Findect, mesmo com a maioria da população contrária à privatização dos Correios, o governo Bolsonaro insiste na privatização da empresa, indo até mesmo “na contramão de muitos países”, onde “o serviço postal foi reestatizado por não ter dado certo a privatização da empresa”.