Levantamento feito pelo salariômetro, da Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas (Fipe), constatou que em junho completou um ano sem ganho real para os trabalhadores, com reajuste médio abaixo da inflação.

De acordo com a pesquisa, que acompanha negociações registradas no Ministério da Economia, o reajuste salarial médio ficou em 8,3%, enquanto o Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC) foi de 8,9%, entre junho de 2021 e junho de 2021.

A profunda crise econômica, agravada pela crise sanitária, fez os reajustes acordados entre patrões e empregados ficarem iguais ou abaixo da inflação.

Enquanto os salários sofrem perdas, de acordo com os dados do Indicador de Inflação por Faixa de Renda do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), a inflação tem sido muito maior para os mais pobres.

Nos últimos doze meses, a taxa de inflação para as famílias de renda muito baixa foi de 9,2%, patamar acima do observado na faixa de renda alta (6,5%).

Isso se deu, especialmente, pelas altas de 15,3% dos alimentos no domicílio, de 16,2% da energia elétrica e de 24,2% do gás de botijão no período. Vale ressaltar que os combustíveis tiveram reajuste de 43,9% no período, ainda de acordo com o Ipea.

Com isso, não é de se admirar que, neste cenário, a fome seja uma realidade para 19 milhões de pessoas (9% da população brasileira), maior taxa desde 2004, há 17 anos, quando essa parcela tinha alcançado 9,5%.

Um número muito mais elevado de pessoas, 116 milhões, vivem em situação de insegurança alimentar, ou seja, 50% da população está comendo menos que o necessário, de acordo com pesquisa da Rede Brasileira de Pesquisa em Soberania e Segurança Alimentar e Nutricional (Rede Penssan), que reúne pesquisadores e professores ligados à segurança alimentar.