A organização social Rede Solidária, presidida por Juan Carr, apoiou a iniciativa do River

A morte de Sergio Zacaríaz, desempregado de 53 anos que morreu no final de semana por hipotermia a poucos quarteirões da Casa Rosada, sede do governo nacional, e de outras quatro pessoas no país, deixou em evidência a tragédia provocada pela política antipopular e antinacional de Maurício Macri.

Com uma situação inédita de milhares de famílias que tiveram que ir morar nas ruas, não só na capital, mas também na província de Buenos Aires e em outros estados, a solidariedade de entidades e de toda a sociedade cresceu e se organizou e é o que tem impedido das consequências do desgoverno macrista serem mais desastrosas ainda.

A organização social Rede Solidária, presidida por Juan Carr, apoiou a iniciativa do River, reunindo ajuda na capital e em todo o país. Na quinta-feira, 4, diante da continuidade do frio polar se somaram à solidariedade outros clubes de futebol, como o Racing, para ainda recolher roupa, cobertores, colchões e comida, enquanto que são milhares os refeitórios solidários que abastecem pessoas desesperadas que não conseguem pagar seus alugueis nem as elevadas tarifas dos serviços que foram privatizados.

Na Argentina, a inflação de maio foi de 3,1% de aumento em relação ao mês anterior, número que elevou a taxa interanual a 57,3%. Durante o ano de 2018, a pobreza aumentou de 25,7% a 32% mostrando a grave situação da população. E para completar, os juros argentinos são agora os mais altos do mundo.

As demissões em massa continuam e as novas cifras oficiais determinam que a crise econômica golpeou profundamente a indústria, que não consegue deter a queda: há 13 meses registra cifras negativas. Os setores mais prejudicados foram o automotriz e o têxtil. Cada dia são fechados entre 30 e 40 estabelecimentos comerciais na capital.

Sem pestanejar, durante sua recente estadia na Europa, o presidente Macri disse que a Argentina produz alimentos para mais de 400 milhões de pessoas, que podia vender a bons preços. Mas não mencionou que nesse país a quantidade de indigentes aumentou até alcançar quase cinco milhões de habitantes e que mais de 50% das crianças estão no limite entre essa indigência e a pobreza.

De olho na proximidade das eleições presidenciais que ocorrerão em outubro, setores ligados ao governo tentaram denegrir a ação do River e inclusive um deputado do partido Cambiemos, Fernando Iglesia, falou que “isso de pessoas nas ruas” é “uma opereta” montada pelo peronismo.

Carr, da Rede Solidária, informou que três das vítimas do descaso do governo com a população de rua morreram em localidades da província de Buenos Aires, uma em Jujuy (noroeste do país) e a última na capital argentina. Outras organizações avaliam que a quantidade de mortos é muito maior, porque não estão nesta conta todos os que foram recolhidos em fase terminal pelos hospitais e acabaram morrendo “em meio ao abandono”.