Fotos: Arthur Mota (Folha PE)

A presidenta do PCdoB-PE, Thiara Milhomem, foi a entrevistada do programa Folha Política, da Rádio Folha de Pernambuco, apresentado por Patrícia Breda e comentários de Betânia Santana. Na conversa, ela abordou temas centrais do cenário político, a importância do fortalecimento da esquerda, os desafios do País e a atuação histórica do Partido Comunista do Brasil (PCdoB).

Militante desde o ensino médio, Thiara tem uma trajetória de 20 anos dentro da política. Começou sua trajetória no movimento estudantil, tendo atuado na União Brasileira dos Estudantes Secundaristas (UBES), na União Nacional dos Estudantes (UNE) e como presidenta da União da Juventude Socialista em Pernambuco (UJS-PE). “É uma honra ser a primeira mulher presidenta do Partido em Pernambuco. O PCdoB tem 103 anos, é o mais antigo do Brasil, mas segue jovem, vivo, impulsionando a juventude”, afirmou.

Segundo Thiara, a história do PCdoB se entrelaça à luta por direitos sociais e pela democracia no País. Para ela, o maior desafio do Partido – e do Brasil – hoje é contribuir para o êxito do governo Lula. “Vivemos um período muito duro com o golpe contra a presidenta Dilma, com Temer e depois Bolsonaro. O país perdeu muito, inclusive direitos básicos. Agora, com Lula, temos esperança de reconstrução e desenvolvimento, mesmo diante de tantos conflitos mundiais.”

Ela destacou conquistas do governo Lula, como a criação de empregos, a retomada de programas como o Minha Casa Minha Vida e o PAC (Programa de Aceleração do Crescimento), e a proposta de mudança na tabela do Imposto de Renda que desonera quem ganha até R$ 5 mil. “Lula se relaciona com prefeitos e governadores de diferentes partidos. Internacionalmente, também ganha destaque”, diz. “A política é a arte de criar consensos em torno do que é fundamental para a população. Com Lula, vivemos o diálogo. Com Bolsonaro, era a intransigência.”

Num momento da entrevista, Betânia Santana comentou sobre a articulação da direita nas ruas, inclusive com pedidos de anistia aos envolvidos na tentativa de golpe no 8 de janeiro. Para Thiara, apesar dessa movimentação, não há um verdadeiro engajamento dos conservadores. “Eles – que antes se diziam contra ‘bandidos’ – hoje defendem um crime contra a democracia. Do nosso lado, a esquerda precisa fortalecer seus movimentos, os estudantes devem engrossar o coro. O movimento é cíclico, e agora é hora de crescer na luta”, defendeu.

Thiara reforçou que o PCdoB está atuante em Pernambuco. Citou nomes como Renildo Calheiros, deputado federal e ex-prefeito de Olinda, e Luciana Santos, ministra da Ciência, Tecnologia e Inovação, com uma trajetória que passa por mandatos na Prefeitura de Olinda, Assembleia Legislativa, Câmara Federal e vice-governadoria. “Luciana é um orgulho do PCdoB. Ela já recompôs fundos importantes e agora debate inteligência artificial com olhar estratégico para o Brasil.”

Ela também mencionou figuras históricas do partido como Alanir Cardoso e Luciano Siqueira, que resistiram à ditadura militar. “Temos quadros públicos forjados na luta, com presença nas universidades e atuação em várias frentes. O vice-prefeito do Recife e a vereadora Cida Pedrosa também são do PCdoB, assim como a atual presidenta da UNE, Manuella Mirella”, completou.

Thiara destacou ainda a importância da federação de partidos como instrumento de fortalecimento político partidário do Brasil. “A federação respeita as particularidades dos partidos e constrói uma frente política sólida, programática.”

Sobre as próximas eleições, a presidenta revelou que o PCdoB aposta na retomada de um ciclo iniciado com Eduardo Campos no governo de Pernambuco. “Apoiamos João Campos, atual prefeito do Recife, numa possível candidatura a governador. Vejo um clima de mudança no estado. João é uma referência e representa esperança para o povo pernambucano”, declarou.

Ao tratar da comunicação política, Thiara apontou que as mudanças feitas pelo governo Lula já têm surtido efeito, mas reconheceu que o problema é mais profundo. “A ultradireita tem usado uma política agressiva de comunicação, com fake news e manipulação de algoritmos, disseminando ódio e mentiras. Isso não acontece só no Brasil. Lula enfrenta esse cenário, mas é uma luta diária.”

Por fim, ela lamentou o falecimento do papa Francisco e fez um apelo por mais empatia na política. “O papa pregava o fim do ódio, a ajuda aos mais pobres, a tolerância. É preocupante que ainda hoje políticos usem a religião para destilar preconceitos. Precisamos superar isso com respeito à liberdade religiosa e compromisso com a dignidade humana.”

(Edição: André Cintra)