Testes da vacina russa Sputnik V indicam 92% de eficiência
O Centro Nacional de Pesquisa em Epidemiologia e Microbiologia Gamaleya da Rússia, instituição responsável pelo desenvolvimento da primeira vacina do país contra o Covid-19, anunciou por meio de comunicado, na quarta-feira (11), que a Sputnik V apresentou 92% de eficácia na prevenção do vírus.
“A publicação dos resultados provisórios de testes clínicos pós-registro demonstra de forma convincente a eficácia da vacina Sputnik V, dando passagem à vacinação em massa na Rússia contra Covid-19 nas próximas semanas”, disse Alexander Gintsburg, diretor do Centro.
“Graças ao aumento da produção em novos locais de fabricação, a vacina Sputnik V em breve estará disponível para uma população mais ampla. Isso quebrará a tendência atual e levará a um eventual declínio nas taxas de infecção de Covid-19, primeiro na Rússia e depois globalmente “, assinalou.
Na prática, se uma vacina tem 92% de eficácia, isso significa dizer que a 92% das pessoas vacinadas ficam imunes à doença
A definição da eficácia veio após “o cálculo baseado em 20 casos confirmados de Covid-19 entre os indivíduos vacinados e entre aqueles que receberam placebo”, informou o comunicado.
“Atualmente, 40.000 voluntários estão participando de um estudo clínico pós-registro de fase III, dos quais mais de 20.000 voluntários foram vacinados com a primeira dose da vacina e mais de 16.000 voluntários com a primeira e a segunda doses da vacina”, acrescentou. Os dados foram colhidos após uma análise realizada 21 dias após a administração da primeira dose.
“O uso da vacina e os resultados dos testes clínicos demonstram que ela é uma solução eficiente para parar a disseminação do coronavírus, uma ferramenta de prevenção, e esse é o mais bem-sucedido meio para derrotar a pandemia”, assinalou o ministro da Saúde da Rússia, Mikhail Murashko.
“O estudo não revelou quaisquer eventos adversos inesperados. Alguns dos vacinados apresentaram eventos adversos de curto prazo, como dor no local da injeção, síndrome semelhante à gripe, incluindo febre, fraqueza, fadiga e dor de cabeça”, informou.
A tecnologia usada é de uso de dois tipos de adenovírus humanos (que, por serem atenuados antes de ministrados, não causam nenhuma doença) que servem como vetores para levar para dentro do organismo fragmentos genéticos de uma proteína da coroa do Sars-Cov2. A vacina é administrada em duas doses, com intervalo de 21 dias.
A Rússia programa produzir 800 mil doses da vacina no mês de novembro, e mais 1,5 milhões em dezembro, sendo que o maior volume de produção por mês será a partir do início de 2021.
Na terça-feira (10), durante a reunião da Organização de Cooperação de Xangai, o presidente russo, Vladimir Putin, defendeu, junto com o primeiro-ministro paquistanês, Imran Khan, a distribuição gratuita das vacinas em todo o mundo. “A vacina deve ser propriedade comum da humanidade”, afirmou.
“Propomos não politizar essa questão pelo fato de hoje em dia as pessoas em todo o planeta, sem exagero, necessitarem destes medicamentos”, manifestou Putin, propondo um acordo mundial para estancar a crise sanitária. “Estamos prontos para trabalhar com todos os países do mundo”, reafirmou.
Além da Sputnik V, a Rússia registrou uma segunda vacina contra a covid-19, a EpoVacCorona, e prepara já um terceiro fármaco, segundo o chefe de Estado.