O senador Tasso Jereissati (PSDB-CE) divulgou um vídeo em suas redes sociais na sexta-feira,
condenando a discriminação do governo federal com a população do Nordeste. O governo
priorizou, em janeiro, famílias das Regiões Sul e Sudeste, que ficaram com 75% das novas
concessões, enquanto famílias do Nordeste responderam por apenas 3,0% das inclusões.
O parlamentar do Ceará denunciou os cortes do Bolsa Família para o Nordeste, onde está o
maior número de famílias em situação de pobreza e extrema pobreza no País. “Isso é uma das
extravagâncias mais perversas que já vi de um governo”, disse Jereissati no vídeo. “Isso pode
significar o rompimento do Nordeste com o governo federal”, avisou o senador tucano.
A bancada do Nordeste tem 151 deputados e 27 senadores. “Estou solicitando a convocação,
com urgência, do Ministro da Cidadania para vir ao Senado Federal e explicar esse fato, para
que possamos tomar as medidas cabíveis”, afirmou.
O subprocurador-geral do MP-TCU, Lucas Rocha Furtado, que pediu a abertura de uma
auditoria, alerta que uma “política discriminatória”, se confirmada, configurará “flagrante
desvio de finalidade pública”.
Antes de ter sua fatia do Bolsa Família reduzida a 3,0% em janeiro, o Nordeste vinha
respondendo por 35% a 39% dos novos benefícios ao longo de 2019, conforme apontou a
reportagem.
A queda na participação aconteceu justamente em janeiro, com a liberação de 100 mil novas
concessões. A liberação veio após sete meses de retenção do programa social. A média de
inclusões ficou em torno de 6 mil ao mês.
O Ministério da Cidadania diz que “são priorizadas as cidades que apresentam menor
porcentual de cobertura do programa frente à estimativa de famílias em situação de pobreza”.

Mas a pasta não detalha as razões para a fatia do Nordeste ter caído mais de dez vezes num
mês de maior liberação de benefícios.