O ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, anunciou nesta terça-feira (29), a suspensão do contrato de compra da vacina indiana Covaxin. A declaração foi dada após indícios de superfaturamento na negociação envolvendo a Precisa Medicamentos vir à tona com a denúncia feita pelos irmãos Miranda. Segundo Queiroga, “não é mais oportuno importar as vacinas neste momento”.

Para a vice-líder da Minoria, deputada Jandira Feghali (PCdoB-RJ), “cancelar o contrato é bom, mas mostra que é irregular”. “E agora, ministro? Se corre para cancelar é porque tem coisa errada”, destacou a parlamentar, que já havia cobrado em suas redes sociais a saída de Bolsonaro da Presidência da República.

O deputado federal Orlando Silva (PCdoB-SP) afirmou que a suspensão é confissão de culpa. “Após o escândalo do vacinoduto, governo suspende contrato da vacina Covaxin. Já era! Os crimes de prevaricação e de corrupção passiva são formais, a consumação já está dada. Ainda recai em Bolsonaro suspeita de advocacia administrativa. #BolsonaroCorrupto”, reforçou o parlamentar.

A deputada federal Alice Portugal (PCdoB-BA) lembrou que a compra da Covaxin foi negociada pelo governo brasileiro por um preço 1000% superior do que a média das outras vacinas. “Será que é uma confissão de crime?”, indagou.

O anúncio de Queiroga foi feito ao lado do ministro da Controladoria-Geral da União (CGU), Wagner Rosário. “Por orientação da Controladoria-Geral da União, por uma questão de conveniência e oportunidade, decidimos suspender o contrato para que análises mais aprofundadas sejam feitas”, afirmou Queiroga.

O ministro anunciou que sua pasta também irá fazer uma apuração administrativa para verificar “todos os aspectos da temática que foi suscitada a partir do final da semana passada”.

Queiroga se refere às denúncias feitas pelos irmãos Miranda e reiteradas na CPI da Covid do Senado. A crise chegou ao Palácio do Planalto após o deputado federal Luis Miranda (DEM-DF), irmão do servidor da Saúde, Luis Ricardo Miranda, relatar que o presidente havia sido alertado por eles em março sobre as irregularidades no processo da Covaxin. Bolsonaro teria respondido, segundo o parlamentar, que iria acionar a Polícia Federal para que abrisse uma investigação. No entanto, nada foi feito, o que pode caracterizar o crime de prevarização.

 

Por Christiane Peres

 

(PL)